Médio Oriente: Vítimas do ataque de 07 de outubro processam três países por ajudarem Hamas

Vítimas do ataque do Hamas a Israel de 07 de outubro processaram hoje o Irão, Síria e Coreia do Norte, acusando-os de forneceram dinheiro, armas e conhecimentos necessários para realizar o ataque que precipitou a atual guerra em Gaza.

A ação, intentada no tribunal federal de Nova Iorque, pede pelo menos 4 mil milhões de dólares (3,7 mil milhões de euros) de indemnização por “uma coordenação de execuções extrajudiciais, tomadas de reféns e horrores conexos para os quais os réus forneceram apoio material e recursos”.

A missão do Irão nas Nações Unidas recusou-se a comentar as alegações, enquanto a Síria e a Coreia do Norte não responderam.

Os Estados Unidos consideraram o Irão, a Síria e a Coreia do Norte como patrocinadores do terrorismo.

Dado que estes países raramente acatam as decisões judiciais contra eles nos Estados Unidos, se os queixosos do processo forem bem sucedidos, poderão pedir uma indemnização através de um fundo criado pelo Congresso que permite às vítimas norte-americanas do terrorismo receberem pagamentos.

O dinheiro provém de bens apreendidos, de multas ou de outras sanções aplicadas a quem, por exemplo, faz negócios com um Estado patrocinador do terrorismo.

A ação judicial baseia-se em anteriores conclusões de tribunais, em relatórios de agências governamentais dos EUA e de outros países e em declarações feitas ao longo de vários anos por responsáveis do Hamas, do Irão e da Síria sobre os seus laços. A queixa também aponta para indícios de que os combatentes do Hamas usaram armas norte-coreanas no ataque de 07 de outubro.

O processo não fornece provas específicas de que Teerão, Damasco ou Pyongyang sabiam antecipadamente do ataque, mas acusa os três países de fornecerem armas, tecnologia e apoio financeiro necessários para que o ataque ocorresse.

“Através deste processo, poderemos provar o que aconteceu, quem foram as vítimas, quem foram os perpetradores – e isso não só criará um registo em tempo real, mas para toda a história”, disse um dos advogados, James Pasch, da Liga Anti-Difamação, um grupo de defesa dos judeus que se pronuncia frequentemente contra o antissemitismo e o extremismo.

A ação judicial foi intentada em nome de mais de 125 queixosos, incluindo herdeiros e familiares de pessoas que foram mortas, bem como de pessoas que ficaram física e/ou emocionalmente feridas. Todos são parentes de cidadãos norte-americanos ou são eles próprios cidadãos norte-americanos.

Os combatentes do Hamas mataram cerca de 1.200 pessoas, na sua maioria civis, e raptaram cerca de 250 durante o ataque de 07 de outubro.

Em resposta, Israel invadiu Gaza e mais de 37.000 palestinianos morreram desde então, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

De acordo com a legislação dos EUA, os governos estrangeiros podem ser responsabilizados, em algumas circunstâncias, por mortes ou lesões causadas por atos de terrorismo ou pelo fornecimento de apoio material ou recursos para os mesmos.

A nova ação judicial junta-se a uma lista crescente de casos relacionados com a guerra entre Israel e o Hamas nos tribunais dos EUA.

Na semana passada, por exemplo, os israelitas que foram feitos reféns ou perderam entes queridos durante o ataque do Hamas de 07 de outubro processaram a agência das Nações Unidas que apoia os palestinianos refugiados (UNRWA), alegando que esta ajudou a financiar os militantes pagando aos funcionários da agência em dólares norte-americanos e canalizando-os assim para cambistas em Gaza que alegadamente dão uma parte ao Hamas.

A UNRWA negou que ajude intencionalmente o Hamas ou qualquer outro grupo islamita.

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