Médicos alertam para inverno “ainda complexo” nos hospitais portugueses devido à falta de recursos humanos
Os médicos alertaram esta terça-feira que “vamos ter um inverno ainda complexo” no Serviço Nacional de Saúde (SNS), indicou esta terça-feira a rádio ‘Renascença’. De acordo com o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), António Gandra d’Almeida, diretor executivo do SNS, foi “bastante realista” nas previsões sobre a afluência aos serviços de urgência durante o inverno.
Nuno Rodrigues, presidente do SIM, descreveu a falta de recursos humanos como “crónica”. “Parece-me que há aqui uma gestão de expectativas, mas também muito realismo. De facto, o SNS ainda não está estabilizado, ainda é preciso contratar muitos recursos. Esperamos que agora, em dezembro, o Governo dê um fortíssimo sinal de chegar a um acordo intercalar com os médicos para que os profissionais possam realmente permanecer no SNS”, sublinhou o responsável sindical.
O SIM pretende retomar as negociações com o Governo sobre as novas grelhas salariais em dezembro e, de acordo com Nuno Rodrigues, a estabilidade está longe de ser alcançada. “O verão indicou que houve muita dificuldade na manutenção das escalas e no inverno isso também acontecerá. Portanto, só com medidas estruturais é que conseguiremos mudar a perspetiva nacional para que não seja tão recorrente esta falta crónica nas urgências, mas também nos centros de saúde. Recordamos que ainda há 1,5 milhões de portugueses sem médico de família atribuído e que se assim não fosse, muito provavelmente esses utentes poderiam não ir às urgências.”
António Gandra d’Almeida destacou, no âmbito de uma visita ao Hospital Distrital de Santarém, os esforços para preparar os hospitais para a afluência esperada nos hospitais, salientando que o SNS e as unidades hospitalares estão a tomar medidas para procurar que as urgências atinjam “o seu limite”, admitindo a existência “de constrangimentos nas equipas médicas” em várias regiões de país. “Vamos ter um inverno mau, temos é de trabalhar para tentar colmatar ou diminuir esse excesso de necessidade assistencial.”