Maria Antonieta dos tempos modernos? Chanceler austríaco recomenda às famílias pobres que comam hambúrgueres do McDonalds’s
A Maria Antonieta, mulher do rei francês Luís XVI, é atribuída a famosa frase ‘Eles que comam bolos’, quando alegadamente confrontada com os camponeses pobres que não tinham sequer possibilidade de comer pão. A rainha francesa nasceu na Áustria e parece que atual chanceler deste país é seu descendente direto, a olhar apenas às declarações recentes que fez, e que soam muito semelhantes.
Karl Nehammer está a ser duramente criticado, depois de ter surgido nas redes sociais um vídeo em que o chanceler austríaco sugere que os pais de famílias muito pobres devem dar hambúrgueres do McDonald’s aos filhos, perante as dificuldades económicas decorrentes da inflação e do aumento do custo de vida.
Nas imagens, Nehammer fala sobre a situação de pobreza nas classes sociais mais baixas no país, antes de se queixar da forma como os meios de comunicação social austríacos tratam o problema da fome infantil.
“O que é que significa quando dizem que uma criança não consegue ter uma refeição quente na Áustria? Sabem qual é a refeição mais barata na Áustria? Não é saudável, mas é barata: um hambúrguer do McDonald’s, é 1,40 euros. Se comprarem batatas fritas, sai a 3,50 euros. Agora não me venham dizer com seriedade que vivemos num país onde os pais não conseguem pagar esta refeição para as suas crianças “, disse o governante.
As afirmações, que estão a gerar grande polémica, foram feitas durante um evento de degustação em Salzburgo, onde não se via um único hambúrguer: apenas os melhores queijos e vinhos.
Das ganze #Nehammer-Video
via @Natascha_Strobl pic.twitter.com/IW0Obulc48— Lukas Abulesz (@lukas_abulesz) September 27, 2023
“Se tenho pouco dinheiro, vou trabalhar mais”, atira ainda o chanceler austríaco. Com efeito é possível comer um hambúrguer na famosa cadeia de restaurantes pelo valor indicado, se se optar pelo mais barato do menu, e que tem 250 calorias.
“Na perspetiva do senso comum é dos piores conselho de saúde que se pode dar a alguém, e definitivamente o pior para dar às crianças, que não se podem proteger dos impactos de más escolhas alimentares”, considerou Dorota Sienkiewicz, gestora de políticas da EuroHealthNet, em declarações ao Politico, a propósito do caso.
Já o presidente da Caritas austríaca sustenta que “alguém que diz que ninguém na Áustria passa fome ou frio, não tem qualquer ideia sobre a realidade da população”.