Marcelo sobre Centeno: «Foi uma das principais personalidades políticas dos últimos anos da vida nacional»
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que respeita a decisão de Mário Centeno, que apresentou demissão do Ministério das Finanças nesta terça-feira.
«Foi certamente uma das principais personalidades políticas dos últimos anos da vida nacional», disse. «Fica para a história», realçou Marcelo, referindo-se, por exemplo, ao facto de ter atingido o superavit no Orçamento.
O chefe de Estado referiu também que, «em democracia, as pessoas são livres e, sendo livres, escolhem aquilo que entendem que é a melhor decisão do ponto de vista pessoal e da visão que têm do interesse colectivo». «Temos de respeitar.»
«Há dois meses fiz o que entendi que devia fazer relativamente a esta matéria, mas respeito integralmente, em todas as circunstâncias, as opções daqueles que na política, economia, na sociedade e no trabalho decidem as suas vivas e mudar de ciclo», frisou.
Quanto ao ministro das Finanças indigitado, João Leão, Marcelo disse que o facto de ter colaborado directamente com Centeno, durante mais de quatro anos, «dá-nos uma garantia de continuidade que é fundamental».
Centeno, recorde-se, apresentou demissão da pasta das Finanças nesta terça-feira, no mesmo dia em que foi aprovada a alteração à proposta de lei ao Orçamento Suplementar para 2020.
Esta manhã, o primeiro-ministro, António Costa, agradeceu a «excelente capacidade de trabalho», o «excelente espírito de equipa», «a constante preocupação de assegurar equidade nas decisões» e o «sentido profundamente humanista que sempre inspirou a acção» de Mário Centeno, que apresentou demissão da pasta das Finanças nesta terça-feira, no mesmo dia em que foi aprovada a alteração à proposta de lei ao Orçamento Suplementar para 2020.
António Costa anunciou que a exoneração de Centeno está marcada para a próxima segunda-feira, dia 15 de Junho. Segue-se João Leão como ministro das Finanças.
«A vida é feita de ciclos e quero aqui expressar publicamente que compreendo e respeito que Mário Centeno queira abrir um novo ciclo na sua vida», sublinhou Costa, assinalando que, «pela segunda vez em 46 anos da nossa democracia um ministro das Finanças cumpriu integralmente uma legislatura de quatro anos e, pela primeira vez, ainda preparou o início da outra, assegurou o Orçamento dessa legislatura e também a preparação do primeiro e único do primeiro e único Orçamento Suplementar».
António Costa agradeceu a João Leão por ter aceite o convite para assumir estas funções. «Neste momento tão desafiante», continuou, «é muito importante contar com a pessoa que mais garantia dá de continuidade orçamental». João Leão é «um profundo conhecedor da economia portuguesa», destacou o primeiro-ministro, assegurando que esta «tranquila passagem de testemunho» dará «a continuidade da nossa política». «O ministério das Finanças continua em boas mãos.»
«É o fim de um ciclo longo para a história da democracia portuguesa. Foram 1664 dias», dos quais mais de 900 foram acumulados com as funções da presidência do Eurogrupo, assinalou o ministro das Finanças, Mário Centeno, em conferência de imprensa.
A dois meses do fim do mandato do Eurogrupo, o ainda ministro das Finanças fez questão de frisar que «foi uma enorme honra ter respondido a todos os desafios desde 2014 que trilhamos em conjunto desde o cenário económico que foi a base do programa do anterior Governo até toda a trajectória de recuperação da credibilidade da economia portuguesa».
«Foi um percurso partilhado» que, no entender de Centeno, se «reflecte nos resultados que o Governo tem». «Os números fizeram parte do trajecto, sempre estiveram certos e quero deixar um testemunho da certeza de que vão continuar a estar certos», assegurou.
*Notícia actualizada às 20:02