Marcelo admite que recebeu e-mail do filho a alertar para caso das gémeas
Numa comunicação ao País, o Presidente da República admite que recebeu um e-mail do seu filho Nuno Rebelo de Sousa sobre o caso das gémeas que foram tratadas com um medicamento de dois milhões de euros, ao mesmo tempo que adiantou ter enviado a documentação entretanto apurada pela Presidência para a Procuradoria-Geral da República (PGR), que abriu um inquérito ao caso.
Marcelo sublinha que a sua intervenção no caso começou com um e-mail do filho, no dia 21 de outubro de 2019. “Enviou-me um e-mail em que dizia que um grupo de amigos da família das crianças gémeas se tinha reunido e estava a tentar que fossem tratadas em Portugal, era uma corrida contra o tempo.”
Já tinha contactado o Hospital D. Estefânia que tinha dito que seria o Santa Maria o Hospital adequado para apurar, diz Marcelo. Como não houve resposta do Santa Maria, o Dr. Nuno Rebelo de Sousa questionou se era possível ter uma resposta.
“Despachei para o chefe da Casa Civil: será que pode perceber do que se trata?”, diz Marcelo Rebelo de Sousa. Dois dias depois, foi dito ao filho de Marcelo que o processo foi recebido e que estavam a ser “analisados vários casos do mesmo tipo” com capacidade de resposta “limitada”.
Nuno Rebelo de Sousa voltou a falar com o chefe da Casa Civil que disse que “a prioridade é dada aos casos que estejam a ser tratados nos hospitais portugueses”, sublinhando que o hospital teria dito que era possível que não houvesse avanços, já que não estavam em Portugal.
Já no dia 31 de outubro, o Chefe da Casa Civil enviou, “como enviava sempre”, para o chefe de gabinete do primeiro-ministro e para o chefe de gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas uma carta onde se encontrava toda a matéria, incluindo os exames respetivos das gémeas, “para os efeitos que tiver por convenientes.”
Depois disto, o chefe da Casa Civil enviou “ao pai das crianças” uma carta em que informava acerca do que tinha sido feito no caso das crianças em questão. E “termina aqui a intervenção da Presidência da República, a partir daqui não há qualquer informação na sequência do processo”, assegura Marcelo.
“Isto foi o que foi apurado”, disse, acrescentando que houve “complexidade” em apurar o caso porque “passaram anos e há milhares e milhares de e-mails”.
Nas respostas às perguntas dos jornalistas, o Presidente considerou, assim, ter “certamente” condições para manter o seu cargo, uma vez que “não há uma intervenção do Presidente da República pelo facto de ser filho ou de não ser filho”. “Recebi como receberia de qualquer outro e mandei a quem deveria mandar”, disse, ressalvando que Nuno Rebelo de Sousa “quis ser solidário”.
Questionado quanto à possibilidade de Nuno Rebelo de Sousa ter contactado “alguém” no Ministério da Saúde, o Presidente respondeu:
“Não sei, espero bem que não tenha falado. Nestas matérias sou muito estrito. Quando digo ele [Nuno Rebelo de Sousa], digo familiar, que não tenha de algum modo invocado o meu nome, ou relacionamento comigo, se isso acontecesse seria inaceitável. Parto do princípio que não aconteceu e quero deixar a quem investiga toda a liberdade para investigar”, sublinhou.