Máquina de propaganda de Putin conta com ex-espião português
Alexandre Guerreiro, comentador e advogado português – e ex-espião do SIED -, foi um dos convidados para o congresso do IRM (Movimento Internacional Russófilo), que juntou centenas de delegados de 130 países, onde pôde partilhar o espaço com algumas das principais figuras do regime russo: Maria Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, por exemplo, o qual teve ocasião de entrevistar.
De acordo com a revista ‘Sábado’, o advogado teve igualmente ocasião de ver Sergey Labrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, ler uma mensagem especial de Vladimir Putin. “O movimento russófilo faz uma contribuição significante para contra-atacar as tentativas do Ocidente de isolar a Rússia, ajuda a disseminar informação objetiva e confiável sobre o nosso país lá fora e a expor as fabricações e propaganda”, referiu o ministro.
Para o IRM, explicou o analista, “é-se convidado quando se acredita que, intelectual e analiticamente, podemos acrescentar algo”. Alexandre Guerreiro, de acordo com a publicação, tem-se movido e florescido nesta comunidade, vista pelo Kremlin como um dos principais canais das suas posições no mundo ocidental.
O IRM, criado em março de 2023, foi criado para “promover a cultura russa no estrangeiro, resistindo à russofobia e lutar contra as sanções russas”: foi fundado e presidido por Nikolay Malinov, ex-deputado búlgaro acusado de ser espião russo e alvo de sanções por parte dos Estados Unidos. Alexandre Guerreiro, que negou ser um “disseminador de uma ideologia/propaganda numa determinada língua e para um público específico”, confirmou que “ninguém me recrutou para nada, convidaram-me a partilhar a minha forma de ver o mundo. E isto, por si só, já coloca o IRM num estatuto ética e moralmente mais elevado do que qualquer entidade ocidental”.
No entanto, é evidente o alinhamento de Guerreiro com a missiva do Kremlin: num direto no ‘YouTube’, elogiou “a descontração e orgulho” na Rússia, mesmo após a invasão da Ucrânia, garantindo que as reportagens de Evgueny Moravitch, correspondente da RTP em Moscovo, “são para justificar a avança. Têm de inventar problemas onde não os há”.