Mapa detalha os recursos energéticos que não devem ser explorados para evitar o aumento da temperatura do planeta

A humanidade, se quiser limitar o aumento da temperatura média global a 1,5°C, tem de reduzir drasticamente as emissões de dióxido de carbono (CO₂) para a atmosfera. O que equivale dizer que não se pode explorar a maior parte dos recursos energéticos de carvão, gás convencional e petróleo existentes em regiões, segundo apontou uma investigação liderada pela Universidade de Barcelona, citado pelo jornal espanhol ‘La Vanguardia’.

O estudo, publicado na revista científica ‘Nature Communications’, apresentou um atlas do petróleo não extraído no mundo, desenhado com critérios ambientais e sociais que visou deixar o alerta sobre quais recursos não poder ser explorados para cumprir os compromissos do Acordo de Paris de 2015.

O responsável do artigo é Martí Orta-Martínez, da Faculdade de Biologia e do Instituto de Pesquisas em Biodiversidade (IRBio) da Universidade de Barcelona, que apontou no atlas as áreas mais sensíveis socio-ambientalmente do planeta, em áreas naturais protegidas, áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade, pontos de alta riqueza de espécies endémicas, áreas urbanas e territórios de povos indígenas em isolamento voluntário – ainda com essas ‘restrições’, não seria suficiente para manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C.

Zonas de exclusão para exploração de petróleo em todo o planeta

O Acordo de Paris é um tratado internacional sobre alterações climáticas que exige a limitação do aquecimento global a menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais e esforços para limitá-lo a 1,5°C. Foi assinado por 196 países em 12 de dezembro de 2015 no âmbito da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas COP21.

Neste contexto, o atlas do petróleo não extraível fornece um novo roteiro para complementar as exigências da política climática internacional – fundamentalmente baseada na procura de combustíveis fósseis – e reforçar as garantias socio-ambientais na exploração dos recursos energéticos.

“O nosso trabalho revelou quais os recursos petrolíferos que devem ser mantidos no subsolo e sem exploração comercial. Os resultados mostraram que a exploração dos recursos e reservas selecionados é totalmente incompatível com o cumprimento dos compromissos do Acordo de Paris”, explicou Martí Orta-Martínez.

Atualmente, existe um amplo consenso entre a comunidade científica para limitar o aquecimento global a 1,5°C se quisermos evitar atingir os chamados pontos de viragem do sistema climático da Terra. “Se estes limites forem excedidos, poderá causar uma emissão repentina de carbono na atmosfera”, indicou Orta-Martínez. “Isto amplificaria os efeitos das alterações climáticas e desencadearia uma cascata de efeitos que comprometeriam o mundo com mudanças irreversíveis e em grande escala.”

“A meta de um aquecimento global não superior a 1,5°C exige a suspensão completa da exploração de novos depósitos de combustíveis fósseis, a suspensão do licenciamento de novas extrações de combustíveis fósseis e o encerramento prematuro de uma parte muito significativa (75%) dos projetos de extração de petróleo, gás e carvão atualmente em produção ou já desenvolvidos”, concluíram os especialistas.

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