Mais de um em cada 10 portugueses segue uma dieta de origem vegetal. Estudo revela que ser vegan custa até mais 100 euros por semana
Cada vez mais pessoas optam por seguir uma dieta à base de produtos de origem vegetal e, segundo a Deco, a percentagem da população que segue este estilo de vida já atinge os 12%.
Olhando apenas aos benefícios para o planeta Terra, a dieta vegan é a mais destacada, por não envolver o consumo de qualquer produto de origem animal. Se está preocupado com este aspeto, mas considera que é um estilo de vida demasiado difícil de implementar, seguir uma dieta tendencialmente vegetal, com proteína animal de vez em quando, também tem benefícios ambientais acrescentados, quando comparada com outros tipos de dieta.
Mas estes benefícios ambientais têm um custo acrescido. Num novo estudo a Deco Proteste analisou os quatro regimes alimentares mais comuns – vegan, ovolactovegetariano, mediterrânico e planetário – e conclui que o vegan é o que sai mais pesado na carteira: exige mais de sete mil euros por ano.
Por outro lado, a dieta planetária é a que sai mais barata, não chegando aos mil euros por ano, mas com menos benefícios ambientais.
A Deco comparou as diferentes dietas, com o peso que cada grupo de produtos alimentares representa em cada um dos casos. No caso da dieta veja, exige 142 euros por semana em média, uma despesa mensal de 608 euros.
“A eliminação de todo e qualquer alimento de origem animal leva os vegans a incluírem equivalentes lácteos que, só por si, representam 20% da despesa global. Ou seja, 29 euros por semana. As hortícolas e os fungos (cogumelos, por exemplo) ocupam igualmente uma grande fatia no consumo (25%), à semelhança, aliás, dos outros padrões alimentares. A despesa semanal é de 35 euros. Juntos, os dois grupos somam 45% da despesa global.
Esta dieta exige 142 euros por semana, o que, mensalmente, se traduz em 608 euros. É a alternativa mais exigente do ponto de vista económico. Por mês, é 46 euros mais cara do que a dieta ovolactovegetariana, mais 64 do que a mediterrânica e mais 95 do que a planetária”, explica a Deco.
Na dieta ovolactovegetariana, ovos e laticínios ganham protagonismo, fornecendo proteína animal, na falta de carne e de peixe. A proporção de ovos pode ser três vezes e meia superior à das dietas planetária e mediterrânica. Se os juntarmos aos lácteos, a despesa perfaz 21%, mais do que o grupo da carne, pescado e ovos das dietas mediterrânica e planetária (16 e 17%, respetivamente). Porém, são as hortícolas e os frutos a completar quase metade dos gastos (44 %). Por semana, esta dieta totaliza 131 euros e, por mês, 562. Entre as quatro dietas, é a segunda mais cara. Mais 18 euros por mês do que a mediterrânica e mais 49 do que a planetária. Em contrapartida, significa menos 46 euros por mês do que a vegan.
Dieta mediterrânica: reconhecida pela UNESCO em 2013 como Património Imaterial da Humanidade, a sua base é vegetal, com quantidades moderadas de alimentos de origem animal, sobretudo de pescado. Abundam hortícolas, cereais integrais, frutos (incluindo oleaginosos), leguminosas e sementes e o azeite é de uso preferencial. Laticínios e carne vermelha tocam em modo comedido. Hortícolas, cereais e tubérculos e frutos representam 59% da despesa total. Por semana, o gasto é de 127 euros. Face à dieta planetária, custa mais 31 euros por mês, mas menos 64 euros do que a vegan.
Desenvolvida com base na evidência científica, alia dieta, saúde e proteção do planeta – a dieta planetária usa e abusa dos hortícolas, os cereais integrais, as leguminosas e as oleaginosas e, com menos protagonismo, os tubérculos e a fruta. Reduzidos a figurantes, ficam os laticínios e a carne vermelha. O pescado fala mais alto do que a carne. Hortícolas, cereais e tubérculos, carne, pescado e ovos, em uníssono, representam 62% do gasto total. Só as hortícolas pesam 27% na fatura a pagar. O cabaz semanal totaliza 120 euros. Mais económica face à mediterrânica (menos 31 euros por mês), menos 49 em relação ovolactovegetariana e menos 95 perante a vegan.
Se quer reduzir a sua pegada ambiental no que respeita à alimentação que faz, a Deco recorda que há algumas substituições simples que pode fazer, e que têm um benefício ambiental:
Vegan: se trocar a bebida de amêndoa por uma de aveia, reduz 20% o consumo de água. Numa semana, poupam-se mais de 1500 litros de água e 2 quilos de CO2 equivalente. Ou seja, corta o potencial de aquecimento em 10 por cento.
Dieta Ovolactovegetariana: substituir o leite de vaca por uma bebida de soja fortificada com vitaminas e minerais diminui 5% a emissão de CO2 equivalente, 6% o consumo de água e 1% a ocupação do solo.
Dieta Mediterrânica: as carnes vermelhas exigem mais recursos. Por essa razão, se trocar bifes de vaca por idênticos de frango, o potencial de aquecimento global e o consumo de água são reduzidos em 5 por cento.