Mais de metade dos portugueses quer dissolução da AR se OE for chumbado, mas novas eleições pouco (ou nada) mudavam

Caso o Orçamento do Estado para 2025 não seja aprovado na Assembleia da República, a maioria dos portugueses defende que deveria ser dissolvida a Assembleia da República, e convocadas novas eleições, ainda que, se houvesse novo sufrágio, o cenário manter-se-ia praticamente igual, e haveria poucas alterações ao atual impasse político. è o que mostra a mais recente sondagem da Aximage para o Diário de Notícias. Realizada entre 30 de setembro e 5 de outubro, a sondagem revela que 52% dos inquiridos concorda com a dissolução da AR caso o OE 2025 não passe e, casou houvesse novas eleições aponta para uma vitória da Aliança Democrática (AD), que recolhe 32,1% das intenções de voto, superando o PS (28,6%), mas sem garantir maioria absoluta, mesmo que a coligação de centro-direita liderada por Luís Montenegro conseguisse um acordo com a Iniciativa Liberal (IL), que apresenta 6,3% das intenções de voto.

A coligação de centro-direita, que junta PSD e CDS-PP, conseguiria uma subida face ao resultado das legislativas anteriores, quando obteve 28,9% dos votos, mas ainda assim não seria suficiente para formar governo com maioria. Nem mesmo um acordo com a IL garantiria essa estabilidade parlamentar. Apesar de a AD conseguir um avanço em relação ao PS, que também mostra sinais de recuperação com 28,6% das intenções de voto, o cenário revela um país politicamente fragmentado.

Esta ligeira vantagem da AD sobre o PS, que aumenta marginalmente face aos 28,0% obtidos nas legislativas, reflete, em parte, a forma como os eleitores avaliam a postura de Luís Montenegro nas negociações orçamentais. A sondagem mostra que os portugueses parecem valorizar mais a liderança de Montenegro do que a de Pedro Nuno Santos, especialmente no contexto do impasse político que tem marcado os últimos meses.

Outro ponto a destacar na sondagem é a queda significativa do Chega, que agora recolhe 15,1% das intenções de voto, uma descida em relação aos 17,5% registados em julho. Esta quebra é mais notável no Norte do país, onde o partido de André Ventura atinge apenas 9,2%, contrastando com os seus resultados mais elevados no Centro (18,3%), nas Áreas Metropolitanas de Lisboa (16,0%) e do Porto (15,9%).

Por outro lado, a AD lidera nas intenções de voto em quase todas as regiões do país, exceto no Centro, onde o PS ainda se mantém ligeiramente à frente. A coligação de Montenegro tem uma vantagem de 14,4 pontos no Norte, 5,1 na Área Metropolitana do Porto, 4,2 no Sul e nas ilhas, e 0,3 pontos na Área Metropolitana de Lisboa.

Entre os partidos mais pequenos, a sondagem não revela grandes alterações. A Iniciativa Liberal, com 6,3%, regista um aumento em relação aos 4,9% das últimas legislativas, embora abaixo dos 7,1% que atingiu na sondagem de julho. O Bloco de Esquerda recupera ligeiramente, alcançando 5,5%, enquanto o Livre se mantém estável com 3,5%. A CDU, por sua vez, desce para 3,0%, o que seria o seu pior resultado de sempre em eleições nacionais. O PAN, com 2,3%, consegue manter uma representação residual, mas suficiente para garantir a sua presença na Assembleia da República.

AD lidera entre jovens e eleitores mais abastados

A AD consegue captar a maioria do eleitorado jovem, com 32,2% das intenções de voto entre os eleitores dos 18 aos 34 anos, enquanto o PS fica com 19,5% e o Chega com 17,9%. A Iniciativa Liberal, particularmente apelativa para este segmento, regista 10% de apoio entre os jovens.

Já entre os eleitores mais velhos, o PS mantém uma vantagem significativa, com 39,4% das intenções de voto entre os eleitores com 65 anos ou mais, enquanto a AD recolhe 35,2%. O Chega, por outro lado, perde expressão entre este grupo, obtendo apenas 7,6%.

No que diz respeito às classes sociais, a AD lidera entre os eleitores das classes A/B (mais abastadas), com 40,8% das intenções de voto, contra 22,8% do PS. No entanto, entre os eleitores das classes mais desfavorecidas (classe D), o cenário inverte-se, com o PS a liderar com 40,4% das intenções de voto, face a 20,1% da AD.

Além dos resultados eleitorais, a sondagem também revela a opinião dos inquiridos sobre o que deve acontecer caso o Orçamento do Estado para 2025 não seja aprovado. Segundo o barómetro, 49% dos inquiridos acreditam que o governo não deveria apresentar a demissão, enquanto 40% defendem a saída de Luís Montenegro do cargo de primeiro-ministro. Entre os que se opõem à demissão, destacam-se os eleitores das classes mais ricas (57%), os mais velhos (52%) e as mulheres (52%). Já entre aqueles que defendem a demissão do governo, sobressaem os eleitores da Iniciativa Liberal (66%) e do próprio partido de Luís Montenegro, a AD (59%).

Contudo, no que toca ao papel do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, 52% dos inquiridos consideram que deveria dissolver a Assembleia da República caso o Orçamento não fosse aprovado, contra 40% que rejeitam essa hipótese. Entre os eleitores do PS (61%) e do Chega (67%), há um forte apoio à dissolução do parlamento. Curiosamente, na classe A/B, há uma ligeira divisão, com 47% contra a dissolução e 46% a favor.

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