Maior produtor mundial de energia nuclear está a “desmoronar”
Electricite de France (EDF) ostenta o título de maior produtor de energia nuclear do mundo, mas o percurso da empresa mostra-se cada vez mais atribulado. Um dos mais recentes obstáculos tem como morada a região da Normandia, nas margens do Canal da Mancha: o centro de produção Flamanville tem oito soldas defeituosas que os engenheiros estão a tentar corrigir. Em cima da mesa está até a possibilidade de enviar robôs para resolver o problema.
Segundo adianta a Bloomberg, Flamanville deveria ser um símbolo do poder de França no campo da energia nuclear. Porém, registam-se atrasos de uma década e um orçamento que já ultrapassou em quatro vezes o previsto: as previsões mais recentes apontam para a conclusão do projecto em 2022 por 12,4 mil milhões de euros.
Bruno Le Maire, ministro das Finanças francês, sublinha que todos os anos aparecem novos problemas. «Não é aceitável que um dos mais prestigiantes e estratégicos sectores para o nosso país enfrente tantas dificuldades», sublinhou o ministro esta semana. Bruno Le Maire deu à EDF um mês para apresentar um plano de acção para que o governo francês possa decidir se vale a pena, ou não, investir em novos centros de produção de energia atómica.
Além de Flamanville, a EDF enfrenta outros desafios. De acordo com a mesma agência noticiosa, atrasos na entrega de dois reactores britânicos aumentaram os custos significativamente acima do antecipado. A par disso, a EDF tem de lidar com os custos inerentes à manutenção de 58 centros nucleares em França, responsáveis por fornecer mais de 70% da energia do país.
Há ainda outro problema a destacar. Habituada a deter o monopólio da electricidade, a EDF está a perder quota de mercado, tanto junto de clientes corporativos como residenciais. Como? Os seus rivais compram energia que a própria EDF gera e vendem-na a preços mais baixos.
Há apenas um ano, a EDF era a maior utility da Europa em termos de valor de mercado. Agora, nos 28 milhões de euros, vale menos de metade da italiana Enel, por exemplo, que tem crescido graças à aposta em fontes renováveis.
Este também é o caminho que a EDF planeia seguir, mas para isso precisa de dinheiro. A companhia necessita de 15 mil milhões de euros anuais para manter os reactores nucleares que tem, construir novas instalações e entrar na corrida dos renováveis. A EDP planeia duplicar a sua capacidade de produção de energia a partir da água, vento e sol até 2030.