Lítio: Há alternativas à extração do minério. Já pensou em conduzir um carro com bateria de… algodão?

Com a imensa procura por baterias prevista para os próximos anos, impulsionada pelo aumento dos veículos elétricos e pelos grandes sistemas de armazenamento de energia, investigadores e empresas estão a estudar e a desenvolver possíveis alternativas para as baterias de grafite e íons de lítio.

A mineração de lítio, por exemplo, pode causar impactos consideráveis ao meio ambiente. A extração do metal exige grandes quantidades de água e energia, e o processo pode deixar imensas marcas no terreno.

Outro exemplo é o cobalto, utilizado em muitas baterias de íons de lítio. O metal é extraído predominantemente na República Democrática do Congo, onde existem relatos de perigosas condições de trabalho naquele país.

Mas há alternativas, e uma delas é, incrivelmente, o algodão.

Inketsu Okina, Diretor de inteligência da empresa japonesa PJP Eye, conta à ‘BBC’ que, ao atingir uma temperatura de mais de 3.000 °C, 1 kg de algodão gera 200 g de carbono. Como cada célula de bateria precisa de apenas 2 gramas, um lote de algodão comprado pela empresa em 2017 continua a ser usado para produzir baterias até hoje.

Assim, a empresa que desenvolveu baterias em conjunto com investigadores da Universidade Kyushu de Fukuoka, no Japão, que utilizam resíduos de algodão da indústria têxtil.

Okina adiantou que a empresa chinesa Goccia, em parceria com a japonesa Hitachi, desenvolveu uma bicicleta elétrica alimentada pela bateria da PJP Eye, que será colocada à venda no Japão. Explica que a velocidade máxima da bicicleta é de 50 km/h e que pode percorrer uma distância de 70 km com uma única carga.

Mas há quem procure outras alternativas à extração de minérios, como é o caso de Stefano Passerini, vice-diretor do Instituto Helmholtz em Ulm, na Alemanha, que vê o mar como um depósito “praticamente ilimitado” de material para baterias.

O especialista e os seus colegas descreveram o design de uma bateria que transfere íons de sódio da água do mar, para construir um depósito do metal sódio, num documento publicado em maio de 2022. Já George John, da Universidade da Cidade de Nova York, nos EUA, e os seus colegas, pesquisam há muito tempo o potencial de pigmentos biológicos chamados quinonas, encontrados em plantas e outros organismos, para uso como elétrodos de baterias.

Se continuarmos a utilizar a tecnologia de baterias de lítio e grafite de hoje em dia, o mundo irá precisar de cerca de dois milhões de toneladas anuais de grafite até 2030, para satisfazer a crescente indústria de baterias, segundo estima o analista Max Reid, da consultoria Wood Mackenzie, pelo que os investigadores estão à procura de alternativas para este setor.

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