Líder rebelde checheno indica que os preparativos para uma rebelião contra o regime de Kadyrov ‘estão a todo vapor’

A situação política na Chechénia não vai mudar enquanto o país continuar a fazer parte da Federação Russa, indicou o coronel Abdul Khakim, chefe do Departamento de Inteligência Militar das Forças Armadas da República Chechena da Ichkeria, em declarações ao jornal ucraniano ‘Kyiv Post’.

Têm surgido diversos rumores sobre uma suposta doença fatal de Ramzan Kadyrov, ditador da Chechénia, o que abre a porta para uma eventual sucessão: no entanto, nem mesmo a morte do líder checheno vai mudar o jogo. De acordo com o coronel Khakim – cujas froças são aliadas da Ucrânia e sediadas em Kiev -, Kadyrov não é uma figura independente na arena política da Rússia. Ou seja, para que haja mudanças significativas na Chechénia, é preciso mudar todo o sistema de poder russo, incluindo Putin.

De acordo com Khakim, há três potenciais cenários para o desenvolvimento da situação no caso do falecimento de Kadyrov.

O provável próximo líder da Chechénia após a morte de Kadyrov é Magomed Daudov, conhecido como “Senhor”, da comitiva de Kadyrov, que há muito espera pelo seu “melhor momento”, garantiu Khakim.

Outro cenário também é possível, em que um estranho será nomeado para governar a Chechénia, acrescentou Khakim. “Nomearão um protegido de Moscovo, como no Daguestão, uma espécie de governador-geral com raízes russas”, explicou o responsável – esta mudança não acabaria com a opressão dos chechenos, mas “a arbitrariedade e os crimes óbvios seriam envoltos no invólucro da lei e ordem”.

Há uma terceira via: o sucessor de Ramzan Kadyrov poderia ser Apti Alaudinov, um descendente de “antigos oficiais do KGB [Comité de Segurança do Estado da URSS]” que fizeram carreira durante a mais recente agressão em grande escala da Rússia contra a Ucrânia.

“Alaudinov é bem conhecido do público russo pela sua capacidade de integração com o povo russo. Ele fala com competência em russo puro, ao contrário do ignorante Kadyrov”, acrescentou.

Mas qualquer que seja o cenário que se verifique, revoltas e distúrbios na Chechénia após o fim do Governo de Kadyrov são bem possíveis, garantiu Khakim. A agitação espontânea pode ocorrer porque as pessoas, sentindo o “vento da mudança”, começarão intuitivamente a demonstrar desobediência e a sabotar as autoridades.

Khakim acrescentou que não esperava uma revolta organizada na Chechénia num futuro próximo porque não há líderes hoje que possam preparar e levantar o povo em revolta contra Moscovo. “Os russos olharam para o futuro na Chechénia e limparam todas as células subterrâneas. E isso foi feito da forma mais desprezível – pelas mãos dos Kadyrovitas, que puniram não só aqueles que estavam contra eles, mas também os seus familiares. Famílias inteiras sofreram”, disse Khakim.

De acordo com as notícias, o líder da Chechénia, Kadyrov, tem necrose pancreática incurável. Kadyrov foi diagnosticado com esta doença em janeiro de 2019, mas só recentemente a doença do líder checheno se tornou amplamente divulgada.

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