Ensaio Lamborghini URUS verde Faunus

Por Jorge KM Farromba

Encerro em mim muitas vezes uma dúvida existencial. Adoro automóveis! São eles não somente a expressão de uma paixão, mas também porque podem ser analisados, estudados e apresentados como bons exemplos na gestão, no marketing, no posicionamento e notoriedade, na comunicação de uma empresa/marca.

Sendo tudo isso verdade, também me cativa na hora de ensaiar qualquer modelo de qualquer marca.

Mas hoje sou (somos) confrontados com a dicotomia entre automóveis a combustão e elétricos (totalmente ou não). Cada um com o seu encanto!

O elétrico pela sua disponibilidade de binário desde o arranque, pela ausência de ruído e no que se perspetiva vir a ser o futuro. E os motores a combustão que entregam a potência de um modo diferente mas não menos cativante, no som do motor (que nos traz aquela adrenalina…), no cheiro da gasolina, no ruído emanado do escape.

E acreditem! Não é fácil decidir entre a racionalidade e a emoção. Existe prazer em ambos mas são distintos.

E, tudo isto vem a propósito da possibilidade de ensaiar o URUS… depois de ter ensaiado o Lamborghini Aventador.

Sendo automóveis totalmente distintos era expetável encontrar muitas diferenças. A começar pela estética também cativante mas criada para ser um SUV. Em momento algum nos dececiona. A dianteira tenta recriar a típica linhagem Lamborghini com uma grelha imponente, ladeada por elementos em plástico e carbono que lhe garantem sustentabilidade aerodinâmica e robustez. Lateralmente, a ampla utilização de chapa que termina no prolongamento das cavas das rodas traseiras mantém a constância da robustez. Na traseira, a marca optou – e foi feliz – por um desenho imponente da traseira com bastante chapa, novos apêndices aerodinâmicos e quatro (!!) saídas de escape. Tudo prefigurava um ensaio … bem rápido.

No interior, a marca conciliou o rigor alemão, boa qualidade de construção, ergonomia e a desportividade (bem patente nos botões da consola central e todos eles de acionamento por toque). Este posicionamento da marca entre o luxo e o desportivo impressiona. Falar do conforto dos bancos em pele e alcântara que nos acolhem é também necessário ou dos apontamentos em carbono e alumínio anodizado no interior.

Enquanto o piloto da marca se prepara para nos explicar o funcionamento do URUS, verifico que este já possui a câmara de gravação do trânsito no topo do vidro da frente (útil em caso de acidente, por exemplo). As colunas de som que se erguem do tablier são mais um detalhe. E são estes muitos detalhes como o conforto elevado – mesmo em estradas “dolorosas”, o espaço interior, a qualidade de construção que sobressaem também no ensaio.

Mas é quando saímos do Parque de estacionamento e ouvimos o ronco do V8 biturbo URUS que percebemos que a diversão vai começar. Afinal são – somente – 650Cv, 305km/horas e 3,6segundos dos 0 aos 100.

Segundo me disse o piloto da marca, o URUS tem rádio, sistema de navegação, Bluetooth e ar condicionado. Confesso que acreditei nele pois o foco não estava nisso. Estava sim interessado em perceber como a transmissão automática de oito velocidades, combinada com tração às quatro rodas permanente com vetorização de torque traseira ativa, nos envolve. E enquanto me deliciava com a condução do piloto da marca, retive a suavidade com que o URUS se conduz em cidade e trânsito intenso e o elevado conforto (num veiculo que é desportivo). Nem mesmo as dimensões do modelo amedrontam (tal como depois comprovei quando o ensaiei nas mesmas condições). A caixa de velocidades atua como deve, mas é quando a opção Corsa se seleciona que a emoção e a adrenalina sobem.

Circular nos trajetos de estrada selecionados permitiu perceber a rapidez com que tudo se desenrola mas sobretudo o conforto superior até a muitos familiares, a incisividade da dianteira, o rigor do chassis (e a competência do piloto). Ver a estrada bem mais acima por ser um SUV e o rigor com que enfrenta cada curva, onde em nenhum momento sentimos que o carro vai adornar.

Mas é chegada a melhor hora – eu sentado ao volante.

Bem distinto do Aventador, aqui estou em presença de um SUV, sem bacquets mas com poltronas que me acolhem e seguram e com um ambiente tipicamente de um familiar premium. Mas é quando carregamos (e não é preciso muito) no pedal direito que as sensações vêm ao cimo. É impressionante a rapidez com que tudo acontece. A precisão do comportamento e da direção que antes tinha sentido no lado do passageiro confirma-se; o conforto elevado, o rigor do chassis e a competência da caixa de 8 velocidades (com as patihas no volante). Foi de facto um prazer ensaiar o V8 nos três “troços” possíveis (cidade, estrada e autoestrada).

Podemos sempre equacionar onde está o limite do Urus. Sinceramente não sei mas também não conseguiria explorar todo esse potencial… talvez com muita dose de testes, persistência, conhecimento dos troços mas duvido que conseguisse explorar todo o potencial de um automóvel cujo preço começa nos 300.000€ mas que é excelente .

 

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