Kamala Harris aceita nomeação histórica nos EUA: “Vamos eleger alguém que nos una”
A senadora Kamala Harris aceitou na quarta-feira a nomeação para candidata à vice-presidência dos Estados Unidos, durante a convenção nacional do Partido Democrata, recordando os pais, ambos imigrantes, de origem indiana e jamaicana.
“Aceito a nomeação para [candidata a] vice-presidente dos Estados Unidos da América. Faço-o comprometida com os valores que ela [a mãe] me deu”, disse Kamala Harris, num discurso transmitido a partir de Wilmington, Delaware, onde reside Joe Biden, o candidato democrata à presidência dos Estados Unidos nas eleições de 03 de novembro.
Kamala Harris fez história como a primeira mulher de ascendência negra e indiana a aceitar a nomeação como candidata a vice-presidente dos Estados Unidos por um grande partido.
No discurso de aceitação, Harris evocou os pais para defender que pode contribuir para rejuvenescer um país devastado pela pandemia e dividido pelo racismo.
A senadora da Califórnia evocou as lições da mãe, a bióloga Shyamala Gopalan, já falecida, uma imigrante indiana que chegou aos Estados Unidos com 19 anos e que lhe incutiu uma visão do país que prometeu defender.
“Uma visão da nossa nação como uma comunidade amada, onde todos são bem-vindos, independentemente da nossa aparência, de onde vimos ou a quem amamos. Um país onde podemos não estar de acordo em relação a tudo, mas estamos unidos pela convicção fundamental de que cada ser humano tem um valor infinito, e merece compaixão, dignidade e respeito”, afirmou.
A senadora acusou o Presidente, Donald Trump, de mergulhar o país no caos e de ser responsável pelo grande número de mortes durante a pandemia.
“O fracasso da liderança de Donald Trump custou vidas”, denunciou, defendendo que o país está também de luto pela perda de empregos, oportunidades e da normalidade.
“Nesta eleição, temos uma oportunidade de mudar o curso da História. Estamos todos juntos nesta luta”, disse.
Harris recordou ainda que a pandemia afetou de forma desproporcionada os afro-americanos, os imigrantes da América latina e os indígenas norte-americanos.
“Isto não é uma coincidência. É o efeito do racismo estrutural”, denunciou, recordando que não existe “vacina contra o racismo”. “Podemos fazer melhor e merecemos muito mais”, instou, acrescentando: “Vamos eleger um Presidente que nos una – negros, latinos, asiáticos, indígenas – e que nos leve ao futuro que queremos. Temos de eleger Joe Biden”.
Harris também recordou o pai, um imigrante jamaicano, lembrando ainda que nasceu no Hospital Kaiser, em Oakland, em resposta a alegações de Donald Trump sobre a sua elegibilidade como vice-presidente.
Trump reagiu prontamente ao discurso de Harris na rede social Twitter.
“Mas não lhe chamou racista [a Joe Biden]?”, escreveu, em alusão a declarações de Harris em junho de 2019, altura em que a senadora disse que o antigo vice-presidente não tinha sido suficientemente contundente em várias questões raciais. “Não creio que seja racista”, apontou então, contudo.
A confirmação de Harris era uma formalidade, já que era a única candidata.
Os democratas confirmaram na terça-feira a nomeação de Joe Biden como candidato contra Donald Trump nas presidenciais dos Estados Unidos, em 03 de novembro.
O antigo vice-presidente aceitará a nomeação para as eleições na quinta-feira, no encerramento da Convenção Nacional Democrata, a decorrer de forma virtual, por causa da pandemia.