Jovens portugueses são dos mais preocupados com questões financeiras em todo o mundo, apura estudo

Um novo inquérito global realizado pela Deloitte, o 13.º Inquérito Geração Z e Millennial, revela que os jovens continuam a enfrentar desafios significativos relacionados com o custo de vida. A pesquisa, que abrangeu 22.800 participantes em 44 países, incluindo Portugal, revela que a preocupação com o custo de vida é a principal para a maioria dos jovens, sendo particularmente acentuada entre os portugueses. Apesar das preocupações financeiras, os jovens mostram-se otimistas quanto às suas perspetivas futuras.

O estudo revela que seis em cada dez jovens vivem de salário em salário, e cerca de três em cada dez não se sentem “financeiramente seguros”. O custo de vida destaca-se como a principal preocupação para a geração Z e os millennials em todo o mundo, superando outras preocupações como cuidados de saúde, desemprego e questões ambientais. No entanto, esta preocupação é ainda mais prevalente em Portugal. Segundo o inquérito, 47% dos jovens da geração Z em Portugal indicam que o custo de vida é a sua principal preocupação, em comparação com 34% no resto do mundo. Entre os millennials portugueses, a taxa sobe para 50%, comparada a 40% globalmente.

Nuno Carvalho, da Deloitte, comentou em entrevista ao Público sobre os resultados, afirmando que “os números não são surpreendentes, mas merecem atenção”. Carvalho explicou que, enquanto durante a pandemia o estresse era predominantemente causado por questões de saúde e desemprego, atualmente, as preocupações financeiras e a dificuldade em alcançar a autonomia são as principais fontes de ansiedade.

Além do custo de vida, as preocupações mais notáveis para a geração Z em Portugal incluem a saúde mental (24%), a instabilidade política e conflitos globais (22%), o desemprego (22%) e a crise climática (19%). Em contraste, a nível global, a ordem das preocupações varia ligeiramente, com o desemprego e a crise climática assumindo maior relevância. O crime e a segurança pessoal, destacados em outros países, não figuram entre as principais preocupações dos jovens portugueses.

Perspetivas de Futuro e Otimismo

Apesar das preocupações financeiras, a pesquisa indica que muitos jovens permanecem otimistas em relação ao futuro. Cerca de um terço dos jovens em todo o mundo estão “otimistas de que a economia do seu país deve melhorar no próximo ano”, um aumento significativo comparado ao ano passado e o valor mais alto desde 2020. Entre a geração Z e os millennials em Portugal, o otimismo é ainda mais pronunciado, com 56% e 44% a acreditarem que suas condições de vida melhorarão no próximo ano, respetivamente.

O estudo deste ano destaca também a importância da flexibilidade no trabalho. Apesar das expectativas elevadas para uma maior flexibilidade após a pandemia, muitos jovens ainda enfrentam desafios relacionados com o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. A Deloitte observa que, enquanto alguns jovens apreciam a maior interação e colaboração proporcionada pelo retorno ao trabalho presencial, outros relatam aumento do estresse e redução da produtividade.

A questão da saúde mental é uma preocupação crescente, com 40% da geração Z e 35% dos millennials a sentirem-se “stressados a maior parte do tempo”, embora haja uma ligeira melhoria em relação ao ano anterior. Em Portugal, os números são ainda mais elevados, com 53% da geração Z e 42% dos millennials a relatar estresse constante, principalmente devido à carga horária e falta de reconhecimento profissional.

Melhorar a saúde mental no local de trabalho é uma prioridade para muitos jovens, com apenas cerca de metade da geração Z e dos millennials globalmente a classificarem a sua saúde mental como “boa” ou “extremamente boa”. Em Portugal, a situação é ainda mais preocupante, com 50% da geração Z e 44% dos millennials a reportarem uma saúde mental insatisfatória.

Sentido de Propósito e Questões Ambientais

O relatório destaca que o “sentido de propósito” continua a ser crucial para a satisfação profissional e o bem-estar geral dos jovens. Cerca de nove em cada dez jovens acreditam que um trabalho com um propósito claro é essencial para o seu bem-estar.

Os “temas ambientais” também permanecem importantes, com a geração Z e millennials a reconhecerem a necessidade de enfrentar os desafios climáticos. Embora a crise climática tenha perdido alguma prioridade em comparação com o passado, seis em cada dez jovens afirmam ter sentido “preocupação ou ansiedade devido às alterações climáticas no último mês”, um aumento em relação ao ano anterior.

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