Jornalistas do Guardian e Observer em greve até 5.ª feira

Os jornalistas do diário britânico The Guardian e da edição de domingo The Observer estão hoje em greve de 48 horas em protesto contra a proposta de venda do jornal Observer à Tortoise Media.

Esta greve de 48 horas é a primeira no Guardian em mais de 50 anos e termina na quinta-feira.

A Tortoise é dirigida por James Harding, ex-editor do Times e ex-diretor da BBC News.

“Apresentou planos para continuar a publicar o Observer aos domingos e construir a presença digital do título, combinaria o Observer com ‘podcasts’, boletins informativos e eventos ao vivo do Tortoise” e “as notícias da abordagem do Tortoise ao Observer surgiram em setembro”, refere o The Guardian, na sua página ‘online’.

“Reconhecemos a força do sentimento sobre a proposta de venda do Observer e apreciamos que os membros do NUJ [‘National Union of Journalists’ – Sindicato Nacional dos Jornalistas] desejem fazer com que as suas opiniões sejam ouvidas. Embora respeitemos o direito à greve, não acreditamos que uma greve seja a melhor forma de ação neste caso e as nossas conversações com o NUJ continuam”, afirma um porta-voz do Guardian.

“Temos um plano em vigor para minimizar o impacto da greve sobre funcionários, leitores e assinantes e continuaremos a publicar online e a produzir a edição impressa como de costume”, acrescenta a mesma fonte, citada no ‘site’ do título.

Os membros do Sindicato Nacional de Jornalistas aprovaram uma moção no mês passado afirmando que vender o jornal de domingo ao Tortoise seria uma “traição” ao compromisso do Scott Trust [proprietário final do Guardan Media Group] com o Observer.

Se a operação se concretizar, o pessoal do Observer foi informado de que pode optar por aceitar rescisão por mútuo acordo com condições melhores ou que, se houver transferência para a Tortoise, os seus termos e condições existentes serão honrados.

Harding referiu que a venda oferece uma oportunidade de investir e ampliar o legado do Observer.

Por sua vez, Ole Jacob Sunde, presidente do Scott Trust, disse num ‘mail’ à equipa que o objetivo foi “fazer o que é certo para os leitores e funcionários do Guardian e do Observer.

“Para que ambos os títulos continuem a promover o jornalismo liberal e a prosperar muito tempo no futuro. Isso tem estado na vanguarda de nossas discussões como conselho”, afirmou.

Adiantou que o Scott Trust permaneceria como coproprietário do Observer no acordo proposto e que quaisquer novos proprietários teriam que incorporar os valores de independência editorial, liberdade de imprensa e jornalismo liberal que faziam parte do espírito do Observer desde que o Guardian Media Group o comprou, em 1993.

Com esta greve, os leitores poderão notar diferenças no ‘site’ do Guardian hoje e quinta-feira e na edição impressa de quinta e sexta-feira.

O título avisa que algumas das matérias que aparecem no ‘site’ e no jornal nesses dias não terão sido escritas no dia em questão. Em outros casos, assinaturas anónimas podem ser usadas. Os funcionários do Guardian US e do Guardian Australia não fazem parte da greve.

O sindicato disse que a greve coincidiu com o Observer – o jornal dominical mais antigo do mundo – assinalar 233 anos desde que começou a ser publicado.

A secretária-geral eleita do NUJ, Laura Davison, afirmou que “os membros do Guardian e do Observer têm o apoio total do NUJ à medida que empreendem esta ação industrial significativa – a primeira em mais de 50 anos”.

A votação para a greve no mês passado mostrou que dos elegíveis para participar, 75% votaram, com 93% a apoiar a greve.

O sindicato exige “uma pausa nas negociações exclusivas” a fim de ter tempo para olhar para outras soluções e assegurar que as decisões são “no interesse dos dois títulos”, segundo Laura Davison.

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