Joe Biden, Bill Clinton, George W. Bush, Barack Obama (entre outros…): mais de 100 líderes políticos dos EUA são descendentes de escravizadores

Mais de 100 líderes políticos dos Estados Unidos – senadores, presidentes, governadores e juízes – têm ancestrais escravos, denunciou esta terça-feira a agência ‘Reuters’.

Um estudo sobre as genealogia da elite política americana permitiu descobrir que um quinto dos congressistas, presidentes vivos, juízes do Supremo Tribunal e governadores do país são descendentes diretos de famílias que escravizaram os negros.

Assim, entre os 536 membros do último Congresso, há pelo menos 100 que descendem de proprietários de escravos: desse grupo, mais de um quarto do Senado – 28 membros – pode rastrear as suas famílias até pelo menos um proprietário de escravos.

Esses legisladores da 117ª sessão do Congresso são democratas e republicanos e incluem alguns dos políticos mais influentes da América: os senadores republicanos Mitch McConnell, Lindsey Graham, Tom Cotton e James Lankford, e os democratas Elizabeth Warren, Tammy Duckworth, Jeanne Shaheen e Maggie Hassan.

Além disso, o presidente Joe Biden e todos os ex-presidentes americanos vivos – com exceção de Donald Trump, cujos antepassados chegaram aos Estados Unidos depois da abolição da escravatura – são descendentes diretos de proprietários de escravos: Jimmy Carter, George W. Bush, Bill Clinton e – por parte da sua mãe branca – Barack Obama.

Dois dos nove juízes do Supremo Tribunal dos Estados Unidos – Amy Coney Barrett e Neil Gorsuch – também têm ancestrais diretos que escravizaram pessoas.

Em 2022, os governadores de 11 dos 50 estados americanos eram descendentes de proprietários de escravos, apontou a ‘Reuters’: estão incluídos oito chefes executivos dos 11 estados que formaram os Estados Confederados, que se separaram e travaram uma guerra para preservar a escravidão. Dois procuram a indicação republicana para a corrida à presidência: Asa Hutchinson, ex-governador do Arkansas, e Doug Burgum, de Dakota do Norte.

Pelo menos 8% dos democratas no último Congresso e 28% dos republicanos têm tais antepassados, sendo que a preponderância dos republicanos reflete a força do partido no Sul, onde se concentrava a escravidão.

Henry Louis Gates Jr, professor da Universidade de Harvard, sustentou que identificar as ligações familiares a proprietários de escravos “não é outro capítulo no jogo da culpa. Não herdamos a culpa pelas ações dos nossos ancestrais”.

“Veja como estamos intimamente ligados à instituição da escravidão e como ela influenciou a vida dos ancestrais das pessoas que nos representam no Congresso dos Estados Unidos hoje”, apontou Gates. “Esta é uma oportunidade de aprendizagem para cada indivíduo. É também uma oportunidade de aprendizagem para o seu eleitorado… e para o povo americano como um todo.”

Além dos líderes políticos identificados, há “milhões de americanos que também são descendentes de escravizadores”, revelou Tony Burroughs, genealogista especializado em ajudar negros americanos a rastrear os seus ancestrais.

O que não está claro é como a proporção de líderes descendentes de proprietários de escravos se compara à de todos os americanos. Entre os estudiosos, não há acordo sobre quantos americanos hoje têm um antepassado que escravizou pessoas.

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