JMJ: MAI rejeita que ‘ataque’ de Bordalo II no palco-altar seja “falha de segurança” e explica que “medidas ainda não foram impostas”
O ministro da Administração Interna José Luís Carneiro recusou que a obra de arte de Bordalo II, colocada no palco-altar do Parque Tejo, de crítica à organização e financiamento, pelo Estado, da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) revele uma “falha de segurança”, dizendo que medidas dessa ordem nem estão ainda em vigor no local.
Num vídeo divulgado nas redes sociais, Bordalo II surge disfarçado de trabalhador e entre no recinto onde decorrem as obras da JMJ, conseguindo colocar um tapete que mostra notas de 500 euros.
“Não se trata de nenhuma falha de segurança. A Câmara Municipal de Lisboa é quem tem a responsabilidade e a guarda daquele local, a segurança privada é quem garante, digamos, o apoio aos trabalhos que estão em curso”, indicou José Luís Carneiro.
Segundo o responsável, as informações que tinha recebido do Sistema de Segurança Interna “é a de que ainda estão a decorrer obras no local, os vários empreiteiros encontram-se a prestar os serviços”.
A obra da polémica dá pelo nome de “Walk of Shame”, ou ‘Passadeira da Vergonha’, em português.
O governante referiu ainda que, apesar das obras ainda estarem a decorrer, a quatro dias do início do evento, há já “dezenas senão mesmo centenas de cidadãos a circularem junto ao Tejo até que as medidas de segurança sejam impostas”.
Entretanto, numa nota enviada à comunicação social, o secretário-geral do Sistema de Segurança Interno, Paulo Vizeu Pinheiro, esclareceu que “a área em causa é da responsabilidade da PSP [Polícia de Segurança Pública]”, mas, por “decorrerem trabalhos de construção na zona do palco, o espaço ainda não é considerado um espaço público, sendo responsabilidade do empreiteiro da obra, bem como da empresa privada contratada para o serviço de segurança”.
“Nesta fase, o fluxo de construção obriga à entrada e saída de muitos funcionários nas diferentes áreas do recinto”, explicou Paulo Vizeu Pinheiro na nota, destacando que “o plano setorial de segurança do Parque Tejo só será colocado em vigor a partir do momento em que a obra esteja concluída”.
Ainda de acordo com a nota, “antes dos eventos e logo após implementação do plano setorial de segurança, será efetuada uma vistoria aos recintos por parte da PSP e que os mesmos só serão abertos após confirmação de que reúnem as necessárias condições de segurança”.
“O SSI encontra-se a acompanhar de perto a situação e a articular com a PSP as medidas necessárias a acautelar a segurança do recinto”, acrescentou.
A instalação do artista português, intitulada “Walk of Shame” (“passadeira da vergonha”, numa tradução livre para português), composta por reproduções ‘gigantes’ de notas de 500 euros em sequência, foi divulgada pelo próprio na rede social Instagram, com imagens da produção e instalação no palco-altar no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo.
“Num estado laico, num momento em que muitas pessoas lutam para manter as suas casas, o seu trabalho e a sua dignidade, decide investir-se milhões do dinheiro público para patrocinar a ’tour’ da multinacional italiana. Habemus Pasta”, pode ler-se na publicação do artista.
O palco-altar no Parque Tejo esteve envolvido numa polémica sobre o seu custo, que resultou, em fevereiro, na redução do valor de 4,2 milhões de euros para 2,9 milhões – assegurados pela Câmara de Lisboa.
Mais de um milhão de pessoas são esperadas em Lisboa para a JMJ.
As principais cerimónias da jornada decorrem no Parque Tejo e no Parque Eduardo VII, no centro da capital.
Segundo a agenda, o Papa Francisco irá estar duas vezes no Parque Tejo, no dia 05 de agosto, para uma vigília às 20:45, e no dia seguinte, às 09:00, para a celebração da Missa de Envio.
(Com Lusa)