JMJ: Centros hospitalares de Lisboa dizem-se preparados para atender maior procura

Equipas de prevenção, circuitos definidos e espaços adaptados foram algumas medidas que os três centros hospitalares de Lisboa tomaram para responder ao aumento da procura durante a Jornada Mundial da Juventude sem descurar a atividade normal.

No Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (CHLO), que integra os hospitais São Francisco Xavier, Egas Moniz e Santa Cruz, está tudo a postos para responder “a todos os eventos que possam surgir”, disse à agência Lusa o diretor do Serviço de Medicina Intensiva, Pais Martins.

Para isso, o CHLO atualizou o seu plano de emergência, que contempla três níveis de ativação, dependendo do número de doentes que acorram ao serviço de urgência.

“É um plano que será transversal a muitos centros hospitalares e o nosso não foge à regra”, disse Pais Martins, explicando que no primeiro nível do plano está prevista uma série de procedimentos, nomeadamente a libertação de espaço na urgência para rapidamente dar “a melhor resposta” não só aos peregrinos, mas para manter a atividade normal do serviço.

Pais Martins observou que os hospitais continuam com uma afluência muito grande às urgências e o São Francisco Xavier não é exceção, não podendo “de maneira nenhuma descurar essa resposta”, além da que hipoteticamente terão de dar a qualquer evento resultante da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa, onde são esperados 1,5 milhões de peregrinos.

O especialista observou que, apesar de a média etária dos participantes na jornada ser “muito baixa, o que tranquiliza de certa maneira”, não se pode “de todo ignorar que possa acontecer” um acidente.

Para acautelar situações de gravidade, o CHLO reservou quatro camas nos cuidados intensivos e transformou uma área que tinha sido construída para atendimento dos doentes com patologias respiratórias, que têm vindo a diminuir, com capacidade para mais de 30 doentes.

Relativamente aos profissionais de saúde, Pais Martins disse que foi recomendado a todos os diretores de serviço que “se mantenham vigilantes e atentos como naturalmente têm que estar todos os médicos, enfermeiros, assistentes operacionais e técnicos de diagnóstico”.

“A partir do momento em que ativarmos o plano de emergência externo, rapidamente se irão dirigir para o Hospital São Francisco Xavier e para a urgência que é o ponto nevrálgico deste plano”, salientou.

No Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC), que integra os hospitais São José, Capuchos, Curry Cabral, Santa Marta e D. Estefânia, foi feita “uma adenda” ao plano de contingência sazonal, neste caso de verão, associado ao aumento de pessoas em circulação em Lisboa.

“É extrapolar um bocadinho aquilo que podemos prever que possa ser o aumento da afluência, tendo em conta que vamos quase duplicar a população de Lisboa”, disse à Lusa a médica Catarina Pereira, responsável pela Urgência Geral Polivalente.

Para assegurar o atendimento, a direção da urgência e os chefes de equipa organizaram-se para garantir que as equipas estejam a funcionar a 100%, para que não haja as quebras habitualmente associadas às férias. Foi também reforçado o corpo clínico de um espaço da urgência dedicado à avaliação de doentes verdes e azuis (menos graves), que passa a ter dois médicos de manhã e dois à tarde, em vez de um.

“Além disso, pusemos assistentes hospitalares de prevenção 24 horas por dia, do dia 01 ao dia 06, que serão ativados no caso de haver um aumento da afluência superior ao normal ou de haver um aumento da complexidade dos doentes e essencialmente para ajudarem um bocadinho na gestão dos fluxos dentro da urgência”, adiantou Catarina Pereira.

O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), que integra os hospitais Santa Maria e Pulido Valente, preparou-se para um aumento de afluência na ordem dos 40, 50%, pensando nas situações mais prováveis desta altura do ano, como as insolações, desidratações, problemas gastrointestinais e pequenos traumas, como entorses.

“Não tivemos nenhuma base para trabalhar porque não há dados de outras jornadas. Sabemos apenas que não aconteceu nada de grave ou de extraordinário, mas infelizmente não há dados de quantos peregrinos precisaram de recorrer aos hospitais e o tipo de situações. Portanto, pensamos que desta vez Portugal poderá ser um exemplo para organizações futuras”, disse o enfermeiro-chefe do CHULN.

Segundo José Alexandre Abrantes, metade das equipas clínicas estão de prevenção em regime de chamada, tendo “meia hora para chegar ao hospital em caso de necessidade”.

O centro hospitalar não reservou camas porque isso iria afetar a população que abrange. “Muitas vezes no verão os idosos são depositados no hospital. Portanto, a nossa urgência não tem parado, cada vez a afluência é maior e, para podermos reservar camas no internamento, ou tínhamos doentes na urgência até à porta da rua ou não dávamos resposta à população”.

Por outro lado, disse, é previsível neste tipo de encontros que haja maior uma afluência à urgência, mas 99% dessa afluência serão doentes que não necessitam de internamento.

Além disso, há o dispositivo de emergência médica montado para a JMJ, que inclui postos médicos avançados e hospitais de campanha nos locais dos eventos, sendo por isso previsível que mais de 95% das ocorrências sejam resolvidas no local.

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