«Janeiro foi o maior desastre de saúde pública dos últimos 100 anos», diz epidemiologista

O professor de epidemiologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Manuel Carmo Gomes, considera que o mês de janeiro representou «o maior desastre de saúde pública dos últimos 100 anos». Em declarações à ‘RTP’ o responsável fez um ponto de situação sobre a resposta à crise de saúde pública da Covid-19 em Portugal.

Questionado sobre a «lição» que deu ontem no que diz respeito à melhor forma de responder à pandemia, o responsável explica que apenas «descreveu resumidamente a estratégia que me parece ter sido aquela que tem predominado desde maio».

«Isto não é uma critica ou então é uma autocrítica a todos nós», afirma sublinhando que se trata de «um facto». Assim, depois de ter sido ultrapassado janeiro, que foi um mês muito difícil, o especialista considera importante refletir sobre os erros cometidos.

«Janeiro não foi um mês qualquer. Foi o maior desastre de saúde pública que ocorreu em Portugal nos últimos 100 anos», afirmou. «Portanto, agora que nós sentimos que estamos a conseguir controlar a epidemia, porque estamos todos confinados, eu sinto a obrigação de dar um passo atrás e refletir sobre o que foi feito, perguntando a todos se é isto que queremos para o futuro», disse.

Segundo o responsável, Portugal «tem tido posições gradualistas à medida que vamos tendo conhecimento do evoluir da epidemia e os valores pandémicos têm atrasos, o Rt, por exemplo, tem aproximadamente sete dias de atraso», explica.

«Depois respondemos  adotando medidas que não têm sido muito restritivas, só o começaram a ser a partir do dia 14, e quando vemos o efeito dessas medidas, às vezes a epidemia já está muito mais frente», refere sublinhado que o principal problema da resposta portuguesa foi o atraso com que reagiu.

O especialista considera assim importante haver «acordo sobre quais são as linhas vermelhas e enquanto não estivermos abaixo dessas linhas vermelhas, no meu entender, não podemos desconfinar», defendeu.  «As linhas vermelhas tanto servem para entrarmos em confinamento como para não entrarmos», acrescentou.

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