Já há um primeiro-ministro da UE que diz que a Ucrânia terá de ceder terrenos à Rússia. E não é o húngaro Viktor Orbán

A Ucrânia tem mais um obstáculo à sua frente na UE: a Hungria deixou de ter a polónia como parceiro populista, mas ganhou a Eslováquia, que já repete os argumentos de Viktor Orbán contra a ajuda a Kiev.

Robert Fico, primeiro-ministro eslovaco que assumiu o cargo em outubro do ano passado, está a revelar-se um aliado de peso de Orbán (e de Putin), ao assumir posições pró-russas e afirmando, recentemente que “não haverá uma solução militar na Ucrânia”, ou que “a sua entrada na Nato desencadeará a Terceira Guerra Mundial”.

Fico foi suspenso da ‘famílias’ social-democrata europeia após ter vencido as eleições na Eslováquia: mais do que as afirmações populistas, sexistas ou xenófobas, a gota de água foi quando usou como slogan na campanha “Nem mais uma bala para a Ucrânia”, país que diz ser “o mais corrupto do mundo”.

O político já está habituado a escândalos, tendo sido envolvido em investigações de corrupção ou relacionadas com desrespeito das regras da pandemia da Covid-19, mas organizou-se e , nos últimos anos, tem sido acérrimo opositor à ajuda militar e financeira da UE à Ucrânia.

“A guerra na Ucrânia não começou ontem. Começou em 2014, quando nazis e fascistas ucranianos começaram a assassinar cidadãos russos em Donbass e Lugansk”, afirmou há alguns meses num comício, citado pelo El Confidencial.

Mas as posições do líder eslovaco endureceram ainda mais “Oque espera a Ucrânia? Que os russos abandonem a Crimeia, Donbass e Lugansk? Não é realista”, indicou em entrevista à TV pública eslovaca, defendendo que Kiev tem de estar preparado para perder territórios para Moscovo, e reclamando que o país “está sob total controlo e influência dos EUA”.

Para além de sensibilidades e proximidades culturais e históricas entre os dois países, Robert Fico não esquece que foi Vladimir Putin quem o ajudou quando, em 2009, a economia do país estava em colapso devido à crise por causa do gás natural russo.

No entanto ainda há diferenças entre Fico e Orbán. Ainda que os argumentos sejam semelhantes, a ação de Fico ainda é mais moderada. Em dezembro a Eslováquia aprovou a abertura das negociações de adesão da Ucrânia à UE (Orbán saiu da sala), e também não votou contra o novo pacote de ajuda de 50 mil milhões de euros a atribuir a Kiev.

Também, ao contrário de Orbán, fico tem enviado armas para a Ucrânia: aliás é um dos países que mais o fez, tendo já entregado sistemas de defesa KUB e S-300, e um dos primeiros países (com a Polónia) a quebrar o ‘tabu’ de entrega de caças.

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