IVA zero: Cabaz de bens essenciais ficou 59 cêntimos mais barato na última semana. Mas há produtos que subiram de preço (saiba quais)
Depois de, na semana passada, ter registado a primeira subida desde que a medida está em vigor, o cabaz de produtos com IVA zero analisado pela Deco/Proteste voltou a descer de preço na última semana, mas apenas 59 cêntimos (-0,45%). Assim, e desde que a medida entrou em efetividade, a 18 de abril, o cabaz alimentar considerado já ‘encolheu’ no preço em 8,70 euros, para 130,07 euros (-6,27%).
Este cabaz de 41 produtos aos quais se aplica a medida IVA zero do Governo, é avaliado para monitorizar as variações de preços destes bens.
Face à semana anterior, os 10 produtos IVA zero que mais aumentaram foram: iogurte líquido (16%), pescada fresca (11%), maçã gala (9%), curgete e massa esparguete (8%), bife de peru (5%), batata vermelha (4%), arroz agulha (2%), queijo flamengo fatiado embalado e leite UHT meio gordo (1%).
Desde que a medida do IVA zero entrou em vigor (18 de abril), e comparando os preços na véspera de a medida ser aplicada, verifica-se que os seguintes produtos tiveram as maiores variações de preço: brócolos (12%), iogurte líquido (11%), maça gala (6%), maçã golden (4%), pão de forma sem côdea (2%), arroz agulha e pescada fresca (1%), batata vermelha e massa esparguete (0%) e arroz carolina (-1%).
Cabaz alimentar geral com redução de 0,1%
Olhando ao outro cabaz alimentar de produtos essenciais analisado pela Deco/Proteste, que abrange produtos fora da medida do IVA zero, a descida é superior em termos percentuais: foi de 1,13% na última semana. Assim o cabaz alimentar considerado custava esta semana 217,60 euros euros, uma redução de 2,49 euros face à anterior.
Desta forma, quando comparado ao mesmo cabaz comprado antes da guerra na Ucrânia (a 23 de fevereiro de 2022), o preço aumentou 33,97 euros (18,50%).
Desde o início do ano, devido ao abrandamento da taxa de inflação, o cabaz já caiu 1,80 euros (menos 0,82%), sendo que comparando o valor desta semana com o mesmo cabaz comprado há um ano, verifica-se um aumento de 11,62 euros, ou seja, mais 5,64%.
A associação de defesa do consumidor tem monitorizado todas as semanas os preços de um cabaz de 63 produtos alimentares essenciais que inclui bens como peru, frango, pescada, carapau, cebola, batata, cenoura, banana, maçã, laranja, arroz, esparguete, açúcar, fiambre, leite, queijo e manteiga.
Na última semana, os dez produtos com maiores subidas de preço foram o iogurte líquido morango (16%), a pescada fresca (11%), a maçã gala (9%), os flocos de cereais, a curgete e a massa esparguete (8%), o bife de peru e o fiambre perna extra (5%), a batata vermelha e os cereais (4%).
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Já os dez produtos que mais viram o seu preço aumentar desde o início da guerra na Ucrânia, ou seja desde 24 de fevereiro de 2022, foram o arroz carolino (89%), polpa de tomate e a cebola (66%), a cenoura (61%), a pescada fresca (53%), a batata vermelha (52%), o açúcar branco (50%), o salmão (48%), a couve coração (42%) e o azeite virgem (40%).
A maior subida de preços, desde início da guerra na Ucrânia até agora, registou-se nas categorias de mercearia (23,73%, aumento de 10,00 euros) e peixe (21,41%, mais 12,91 euros).
A associação explica que este aumento se deve ao facto de Portugal estar “altamente dependente dos mercados externos para garantir o abastecimento dos cereais necessários ao consumo interno”, que “representam atualmente apenas 3,5% da produção agrícola nacional: sobretudo milho (56%), trigo (19%) e arroz (16%).
“E se no início da década de 90 a autossuficiência em cereais rondava os 50%, atualmente, o valor não ultrapassa os 19,4%, uma das percentagens mais baixas do mundo e que obriga o País a importar cerca de 80% dos cereais que consome”, acrescenta a Deco.
O organismo esclarece que “a invasão da Rússia à Ucrânia, de onde provém grande parte dos cereais consumidos na União Europeia, e em Portugal, veio, por isso, pressionar ainda mais um sector há meses a braços com as consequências de uma pandemia e de uma seca com forte impacto na produção e na criação de stocks”.
“A limitação da oferta de matérias-primas e o aumento dos custos de produção, nomeadamente da energia, necessária à produção agroalimentar, podem, por isso, estar a refletir-se num incremento dos preços nos mercados internacionais e, consequentemente, nos preços ao consumidor”, sublinha.