Israel utiliza programa de IA para criar ‘listas de morte’: cerca de 37 mil palestinianos marcados como potenciais alvos de bombardeamento, acusam especialistas

O exército israelita está a utilizar um programa alimentado por IA (Inteligência Artificial) para transformar milhares de palestinianos em potenciais alvos para ataques militares na Faixa de Gaza, apontou esta quinta-feira a agência noticiosa turca ‘Anadolu’.

O sistema de IA, denominado ‘Lavender’, foi concebido para marcar todos os suspeitos de integrar os braços armados dos grupos palestinianos Hamas e Jihad Islâmica como potenciais alvos de bombardeamento – terão sido listados pelo programa cerca de 37 mil palestinianos, assim como as respetivas casas, como alvos potenciais para ataques, denunciaram seis agentes dos serviços secretos de Israel.

De acordo com as fontes, o ‘Lavender’ foi desenvolvido pela divisão de inteligência de elite do exército israelita, a ‘Unidade 8200’. “Houve uma quantidade ilógica de bombardeamentos nesta operação”, denunciou B., um oficial sénior de inteligência, à publicação israelo-palestina ‘+972 Magazine’ e ao canal de língua hebraica ‘Local Call’.

“Isso é incomparável, na minha memória. E tenho muito mais confiança num mecanismo estatístico do que num soldado que perdeu um amigo há dois dias”, afirmou. “A máquina fez isso friamente. E isso tornou tudo mais fácil.”

De acordo com fontes de inteligência, as listas de mortes determinadas pelo ‘Lavender’ receberam ampla aprovação do exército israelita, sem necessidade de verificação minuciosa dos dados brutos. Os oficiais do exército, salientaram, dariam apenas “20 segundos” a cada alvo antes de autorizarem um ataque aéreo, embora o sistema de IA comete “erros” em aproximadamente 10% dos casos. O resultado foi que mais de 33 mil palestinianos, a maioria deles mulheres e crianças ou pessoas que não estiveram envolvidas nos combates, foram exterminados no ataque israelita.

De acordo com duas fontes, nas primeiras semanas da guerra israelita em Gaza, as forças militares foram autorizadas a matar entre 15 e 20 civis durante ataques aéreos contra alvos de baixa patente. Os ataques a esses alvos foram realizados com recurso a munições não guiadas conhecidas como “bombas mudas”, que podem destruir edifícios inteiros e causar vítimas significativas.

Se o alvo em questão fosse um alto funcionário do Hamas com a patente de comandante de batalhão ou brigada, o exército israelita autorizou em diversas ocasiões o assassinato de mais de 100 civis por um único comandante. “Porque normalmente realizávamos os ataques com bombas mudas, e isso significava literalmente destruir a casa inteira em cima dos seus ocupantes”, testemunhou C., o oficial de inteligência.

O exército israelita, por seu lado, já rejeitou as acusações, alegando que “cada alvo é examinado individualmente, enquanto é feita uma avaliação individual da vantagem militar e dos danos colaterais esperados do ataque”.

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