Israel: Hamas aceita resolução de cessar-fogo do Conselho de Segurança da ONU e está pronto a negociar os pormenores

Esta terça-feira, o alto responsável do Hamas, Sami Abu Zuhri, anunciou à agência Reuters que o grupo aceitou a resolução de cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) e está pronto para negociar os detalhes.

Zuhri salientou que agora cabe a Washington garantir que Israel cumpra o estipulado na resolução.

“Hamas aceita a resolução do Conselho de Segurança da ONU em relação ao cessar-fogo, à retirada das tropas israelitas e à troca de reféns por detidos mantidos por Israel”, afirmou Abu Zuhri.

O responsável destacou ainda que “a administração dos EUA enfrenta um verdadeiro teste para cumprir os seus compromissos, forçando a ocupação a acabar imediatamente com a guerra, em implementação da resolução do Conselho de Segurança da ONU”.

O Conselho de Segurança da ONU aprovou ontem uma resolução que saúda a proposta de cessar-fogo em Gaza anunciada pelo Presidente norte-americano e insta Israel e Hamas a “implementarem integralmente os seus termos, sem demora e sem condições”.

A resolução, da autoria dos Estados Unidos, recebeu 14 votos a favor e uma abstenção da Rússia.

Trata-se da primeira resolução do Conselho de Segurança sobre um plano de cessar-fogo que visa pôr fim à guerra de oito meses entre Israel e o Hamas em Gaza.

Após a aprovação da resolução, a embaixadora norte-americana junto da ONU, Linda Thomas-Greenfield, colocou a pressão sobre o grupo islamita Hamas, assegurando que “Israel já concordou com este acordo”.

“Colegas, este Conselho enviou hoje uma mensagem clara ao Hamas: Aceitem o acordo de cessar-fogo que está sobre a mesa. Israel já concordou com este acordo. E os combates poderiam parar hoje se o Hamas fizesse o mesmo. Repito: os combates podem parar hoje”, frisou a diplomata, insistindo que o “Hamas deve aceitar” a proposta.

Embora Biden se tenha referido ao plano como uma proposta israelita, após o seu anúncio, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, indicou que as suas condições para acabar com a guerra — incluindo “a destruição das capacidades militares e de governo do Hamas” e a libertação de todos os reféns — não tinham mudado.

Além disso, autoridades israelitas argumentaram que a descrição de Biden da oferta israelita era imprecisa ou que havia “lacunas” entre a versão apresentada por Washington e o que Israel realmente propôs.

Já a Rússia, ao justificar a sua abstenção na votação de ontem, criticou a “falta de clareza” sobre se Israel concorda ou não com o acordo, expondo as “contradições” entre o que Washington e Telavive dizem.

“Estamos convencidos de que o Conselho de Segurança não deve assinar acordos com parâmetros vagos e sem garantias, (…) sem a menor compreensão clara de como as próprias partes se comportam”, defendeu o embaixador russo, Vasily Nebenzya.

“A adoção pelo Conselho de um novo documento cujo conteúdo levanta enormes questões, mesmo sem uma exigência clara às partes de um cessar-fogo imediato e permanente, mina a sua autoridade como principal órgão de manutenção da paz internacional e segurança”, alegou ainda.

*Com Lusa

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