Israel: Gaza fica “totalmente” sem telecomunicações por falta de combustível, confirmam operadores palestinianos

Os serviços de telecomunicações na Faixa de Gaza foram cortados esta quinta-feira devido a falta de combustível, no seguimento do bloqueio encetado por Israel ao enclave.

A confirmação foi dada pelos operadores de telecomunicações palestinianos Jawwal e Paltel. Ambas as empresas publicaram notas nas redes sociais onde indicam que “todas as fontes de energia que suportavam a rede foram gastas”.

Esta quarta-feira, as empresas já tinham avisado para um “completo apagão” de telecomunicações, já que a falta de combustível deixa inoperacional centros de dados e outras infraestruturas. Desde ontem à tarde que os elementos básicos da rede de comunicações estavam a ser suportados apenas por baterias.

Assim, e com a confirmação do ‘apagão’, 2,3 milhões de residente da Faixa de Gaza estão sem forma de comunicar uns com os outros á distância, mas também deixam de ter acesso a informações que chegam de fora.

A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA, na sigla inglesa) denunciou também hoje que as comunicações com a Faixa de Gaza foram outra vez “totalmente cortadas”.

Numa conferência de imprensa em Genebra, Philippe Lazzarini, diretor da agência da ONU, aludia ao cerco imposto por Israel ao território palestiniano desde os ataques do Hamas a 07 de outubro, denunciando, paralelamente, uma “tentativa deliberada de estrangular as operações e de paralisar a UNRWA”.

“Gaza está mais uma vez a sofrer um colapso total nas comunicações e […] é porque não há combustível”, disse Lazzarini, logo após ter informado oralmente os países membros das Nações Unidas sobre a situação em Gaza.

Lazzarini referiu-se ao corte total do abastecimento de combustível, impossibilitando o transporte de ajuda humanitária e o fornecimento de água potável, “entre outros serviços absolutamente essenciais”.

“Se a questão do combustível não for resolvida, corremos o risco de ter de suspender toda a nossa operação em Gaza”, advertiu.

“A água tornou-se uma obsessão para os habitantes de Gaza, toda a gente anda com um bidão na mão”, disse, referindo que o combustível é essencial para o funcionamento das instalações de dessalinização que transformam a água do mar em água potável.

As autoridades israelitas consideram que o combustível é um produto de alto risco com dupla utilização: civil e militar, que poderia beneficiar o Hamas.

O movimento islamita, que controla a Faixa de Gaza, esteve na origem do ataque sem precedentes contra o território israelita, em 07 de outubro, e Israel prometeu “eliminá-lo”.

Israel está a impedir a entrada de combustível na Faixa de Gaza, com exceção de um camião-cisterna, com 23.000 litros, que entrou na quarta-feira no enclave e cuja utilização é estritamente regulamentada.

“Não há mais combustível disponível ou, em todo o caso, acessível à UNRWA”, sublinhou Lazzarini, recordando que, no último corte total das comunicações, há algumas semanas, vários depósitos de ajuda humanitária foram saqueados por uma população desesperada.

Em represália ao ataque de 07 de outubro, Israel tem estado a bombardear incessantemente a Faixa de Gaza.

Os bombardeamentos israelitas mataram mais de 11.500 pessoas, na maioria civis, incluindo 4.710 crianças, segundo o Hamas, que governa a Faixa de Gaza.

Do lado israelita, o ataque do Hamas causou cerca de 1.200 mortos, na sua maioria civis, segundo as autoridades israelitas. Cerca de 240 pessoas foram também feitas reféns e levadas para Gaza.

O exército israelita anunciou hoje a morte de mais dois soldados nos combates na Faixa de Gaza, elevando para 51 o número total de soldados mortos no território palestiniano desde o início da guerra contra o Hamas.

*Com Lusa

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