Isaac Newton previu o fim do mundo para 2060: estamos perto de saber se tinha razão?

Isaac Newton, amplamente reconhecido pelas suas contribuições científicas revolucionárias, como as leis do movimento e a teoria da gravidade, também possuía uma faceta menos conhecida e, por vezes, enigmática. Para além de ser um cientista meticuloso e racional, Newton dedicou grande parte da sua vida ao estudo da alquimia, do misticismo e das profecias bíblicas, áreas que hoje podem parecer estranhas para alguém da sua estatura intelectual.

Entre as suas anotações pessoais, descobertas após a sua morte em 1727, um documento de 1704 causou especial interesse ao revelar uma previsão inesperada: Newton acreditava que o fim do mundo, ou pelo menos o fim de uma era, ocorreria em 2060. Essa previsão não era fruto do acaso, mas de uma análise detalhada baseada nos textos bíblicos e em cálculos matemáticos complexos, o que torna ainda mais intrigante a questão de saber se esta antiga profecia se confirmará.

O físico britânico, conhecido por seu rigor científico, aplicou o mesmo método analítico ao estudo das escrituras bíblicas. De acordo com fontes como a revista IFLScience, Newton utilizou uma combinação de datas históricas importantes, como a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. e o início da supremacia papal no século IX, para estabelecer os seus cálculos. Através desta análise, chegou à conclusão de que o ano 2060 poderia marcar o final de um ciclo histórico, não necessariamente um evento apocalíptico, mas uma transformação significativa que traria um novo período de paz, com o retorno de Cristo para governar a Terra.

Entre as anotações mais notáveis de Newton, encontram-se referências a “2300 dias proféticos”, que ele acreditava não se prolongarem para além de 2132, e ao “tempo dos tempos”, que não terminaria antes de 2060. Estas expressões, retiradas dos textos sagrados, demonstram o profundo conhecimento que Newton possuía sobre o Apocalipse, embora nunca tenha declarado que as suas conclusões fossem definitivas. Para ele, estes cálculos não deveriam ser encarados como uma previsão precisa do fim do mundo, mas como uma hipótese sobre a transição de uma era para outra.

A obsessão de Newton com temas esotéricos não era uma surpresa para os que o conheciam de perto. Apesar de ser lembrado pela sua mente lógica e metódica, o físico tinha também uma faceta excêntrica. Para além dos seus estudos sobre alquimia, que o levaram a tentar transformar metais comuns em ouro, Newton envolveu-se em experiências bastante peculiares. Um exemplo extremo foi quando cravou deliberadamente uma agulha de ponta romba no seu próprio olho para estudar os efeitos na visão. Noutra ocasião, fixou o olhar diretamente no Sol, ficando temporariamente cego durante vários dias, embora tenha recuperado a visão mais tarde.

Este comportamento pode parecer desconcertante, mas reflete a mente de alguém que não se limitava aos caminhos estabelecidos pela ciência convencional. O seu interesse pelo misticismo, em particular, conduziu-o a investigações profundas sobre o Apocalipse e os mistérios da Bíblia, um campo de estudo que muitos dos seus contemporâneos evitariam.

Apesar do seu fascínio pelo futuro da humanidade e pelos textos bíblicos, Newton criticava severamente os estudiosos que afirmavam prever com exatidão o fim do mundo. Em várias das suas obras, sublinhou que as profecias não deveriam ser tomadas de forma literal e que os tempos do Apocalipse eram, na sua visão, um mistério que apenas Deus poderia desvendar.

“O homem não deve especular sobre os tempos finais”, escreveu Newton, alertando para os perigos de criar expectativas que, ao não se concretizarem, poderiam abalar a fé das pessoas e gerar confusão. Para ele, o estudo dos textos sagrados era uma busca espiritual e intelectual, mas não algo que pudesse ser usado para estabelecer datas definitivas para eventos tão incertos como o fim dos tempos.

Embora Newton seja lembrado principalmente pelos seus contributos no campo da física e da matemática, o seu trabalho sobre o Apocalipse bíblico continua a intrigar historiadores e académicos. A combinação única de ciência e misticismo no seu pensamento levanta questões sobre a forma como ele via o mundo e o papel da religião na sua vida. A previsão de 2060, embora improvável de ser uma previsão exata de um “fim do mundo”, é um testemunho da sua mente curiosa e do seu desejo de compreender os maiores mistérios da existência humana.

Com o ano de 2060 cada vez mais próximo, a humanidade irá, eventualmente, descobrir se Newton estava certo ao prever uma grande mudança para esse período. No entanto, como ele próprio admitiu, talvez essa data seja apenas mais uma etapa num ciclo contínuo de transformação e renovação, sem que o “fim do mundo” venha a acontecer de forma literal. O que é certo é que, até ao momento, as suas previsões continuam a ser uma fonte de fascínio e debate.