Inteligência dos EUA emite aviso: ameaças nucleares de Putin são farsa, mas Rússia vai intensificar guerra híbrida na Europa

Os serviços de inteligência dos Estados Unidos alertaram, esta quinta-feira, que o risco de um ataque nuclear russo continua baixo, mesmo com o intensificar da retórica do presidente Vladimir Putin, indicou a agência ‘Reuters’.

De acordo com as fontes, a decisão de Washington de afrouxar as restrições ao uso de armas americanas de longo alcance pela Ucrânia não aumentou significativamente a ameaça de escalada nuclear: as avaliações recentes concluem consistentemente que a escalada nuclear é improvável, salientou a agência noticiosa.

Essas avaliações foram conduzidas ao longo de sete meses e reafirmadas após a decisão do presidente dos EUA, Joe Biden, de fornecer à Ucrânia mísseis ATACMS, que têm um alcance de até 306 quilómetros. “As avaliações foram consistentes: os ATACMS não iriam mudar o cálculo nuclear da Rússia”, apontou um assessor do Congresso.

No entanto, as autoridades americanas acreditam que Moscovo provavelmente intensificará a sua campanha de guerra híbrida, incluindo operações de sabotagem na Europa, para exercer pressão sobre o Ocidente. “A resposta híbrida da Rússia é uma preocupação… A chance de escalada nunca deixou de existir. A preocupação agora é maior”, sustentou Angela Stent, diretora de Estudos Eurasianos, Russos e do Leste Europeu na Universidade de Georgetown.

Segundo as fontes consultadas pela ‘Reuters’, a decisão de Washington de aliviar as restrições sobre o uso de armas em território russo gerou debate dentro da Administração Biden, face à resistência inicial de autoridades da Casa Branca, do Pentágono e do Departamento de Estado – entre as preocupações estava o risco de ataques retaliatórios a pessoal dos Estados Unidos ou aliados da NATO e a potencial escalada nuclear.

No entanto, Biden viria a mudar a sua posição, alegadamente influenciado pelo apoio militar da Coreia do Norte à Rússia no conflito na Ucrânia: agora, há autoridades americanas que acreditam que os medos anteriores foram exagerados, alertando, no entanto, que a capacidade russa de retaliar através de meios secretos ou não nucleares continua a ser um risco sério.

Os serviços de inteligência americanos sugeriram que Moscovo pode agora concentrar-se em táticas não convencionais em vez de uma escalada nuclear: o lançamento de teste de um novo míssil balístico russo na semana passada – que se acredita ter sido um aviso ao Ocidente – não alterou a avaliação geral de risco. A Rússia pode, ao invés, tentar igualar a escalada percebida pelos EUA com outras medidas, como a implantação de novos sistemas de mísseis.

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