Iniciativa Liberal reúne-se hoje em Conselho Nacional para discutir sucesso nas eleições europeias

A Iniciativa Liberal (IL) reúne-se hoje em Coimbra para um Conselho Nacional que promete ser intenso, após o sucesso nas eleições europeias. Em apenas três meses, a IL duplicou a sua percentagem de votos para 9,07% e elegeu dois eurodeputados, quase ultrapassando o Chega na terceira posição. Apesar da vitória, as tréguas entre a direção liderada por Rui Rocha e os críticos internos parecem ter terminado.

João Cotrim de Figueiredo, cujo nome esteve fortemente associado à campanha, obteve mais votos absolutos nas europeias do que nas legislativas. Este facto será um dos pontos de discussão acesos durante o Conselho Nacional. “Foi um resultado personalizado à imagem de Cotrim e, com isso, ficou provado que tem um capital político superior ao do partido”, afirma Rui Malheiro, conselheiro nacional, ao Expresso. Este reconhecimento, contudo, levanta questões sobre a liderança de Rui Rocha e a capacidade do partido de manter e expandir a sua base eleitoral sem depender exclusivamente da figura de Cotrim.

Rocha enfrenta o desafio de consolidar a sua liderança e definir uma estratégia que atraia tanto os eleitores indecisos como os descontentes com o Chega e a AD. “Temos de ser populares, mas não populistas”, sublinha um conselheiro próximo da direção. A direção acredita que a “marca Cotrim” é uma força, mas que está intrinsecamente ligada às ideias da IL e à estratégia de focar-se no combate ao extremismo em vez de apenas atacar o socialismo.

O próximo grande desafio para a IL será a Convenção Nacional, marcada para os dias 5, 6 e 7 de julho em Santa Maria da Feira. Nesta reunião, o partido discutirá a revisão estatutária e o programa político, temas que têm gerado divisões internas. Duas propostas estarão em cima da mesa: a da direção e a alternativa “Estatutos + Liberais”, liderada por Tiago Mayan Gonçalves, que critica a falta de democracia interna e a opacidade nas contas.

Rui Malheiro destaca que a direção de Rocha ainda segue a linha dos 52% com que venceu Carla Castro, enquanto Cristiano Santos, outro conselheiro, alerta para a possibilidade de uma “debandada” se não forem aprovadas mudanças nos estatutos.

Tiago Mayan Gonçalves, que já está a preparar uma possível candidatura à liderança em janeiro de 2025, apela ao diálogo interno. Numa carta aberta aos dois eurodeputados eleitos, Cotrim de Figueiredo e Ana Martins, Mayan deseja-lhes sucesso e insta-os a colaborar com o movimento Unidos pelo Liberalismo, que conta com cerca de 400 subscritores.

Embora haja expectativas de que algumas questões possam gerar descontentamento, a direção espera que os liberais consigam discutir de forma construtiva. “O partido tem de ser mais abrangente e o baluarte da moderação para se afirmar no centro-direita”, defende um membro da direção.

Rui Rocha, por seu lado, sublinha que este é apenas o início de um ciclo mais ambicioso para a IL. Com representação nos quatro parlamentos (europeu, nacional e os dois regionais), Rocha vê isto como uma oportunidade para afirmar ainda mais o partido. No entanto, a tensão interna e as críticas constantes colocam a sua liderança à prova, especialmente num momento em que a IL precisa de se consolidar como uma alternativa viável no panorama político português.

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