Inflação alimentar: A sua comida preferida já não sabe ao mesmo? Empresas adotam estratégias para cobrir aumento dos custos
Com a inflação em níveis recorde por todo o mundo, as empresas têm de arranjar formas de conseguir dar a volta aos preços elevados. E entre essas formas estão a redução da quantidade ou da qualidade dos produtos. Apesar de não ser uma tática nova, está a ser novamente adotada para lidar com custos elevados das matérias-primas e de recursos.
os fabricantes estão a modificar discretamente as suas receitas para economizar dinheiro e manter as suas margens de lucro. O fenómeno, chamado de “skimpflation” e “flavorflation”, é uma forma de esconder o impacto da inflação e evitar repassar custos mais elevados ao consumidor.
Mas ao substituir ingredientes caros por outros mais baratos, as empresas também estão a tornar os alimentos menos saborosos, menos saudáveis e menos satisfatórios.
Neste período, foi conhecido o fenómeno denominado de “reduflação” (tradução literal do neologismo inglês “shrinkflation”), que consiste na diminuição da quantidade de produto, mantendo — ou mesmo aumentando – o preço. A “reduflação” não é ilegal desde que a informação no rótulo esteja correta, mas muitas vezes o consumidor sente-se enganado com estas subidas de preço que acha serem disfarçadas.
Agora, surge um novo fenómeno. Na Alemanha, e provavelmente noutros países, os fabricantes, além de aumentarem o preço em alguns casos, estão a alterar os ingredientes do produto, substituindo os elementos mais caros por outros mais baratos.
A isto chama-se “skimpflation”, um termo derivado da palavra inglesa skimp – economizar.
Por exemplo, uma garrafa de sumo que indica “24% é fruta” quando, antes, na mesma garrafa lia-se “pelo menos 30% é fruta”. Com o preço elevado da polpa de manga e do sumo de limão, os fabricantes começaram a optar por os substituir por produtos mais baratos e por ácido cítrico.
Ou seja, os fabricantes economizam, poupam, na confeção do produto, pioram o mesmo, mas vendem ao mesmo preço ou até mais caro.
Mas isto não se aplica apenas aos produtos, mas também ao atendimento aos clientes, com muitas marcas a economizarem com menos funcionários nas lojas e a eliminarem alguns serviços.
Já a “Flavorflation” é um termo que combina as palavras “flavor” (sabor) e “inflation” (inflação). É usado para descrever a prática de reduzir o tamanho ou a qualidade de um produto sem reduzir seu preço, disfarçando muitas vezes essa mudança ao manter o mesmo sabor ou aroma.
Noutras palavras, é uma forma de inflação que afeta as características gustativas ou sensoriais de um produto, enquanto o preço permanece inalterado, ou até aumenta. Isso pode acontecer em vários setores, como alimentos, bebidas e produtos de consumo, e é uma estratégia que as empresas podem adotar para lidar com custos crescentes sem afetar diretamente os preços percebidos pelos consumidores.
Dennis Neveling, analista de investigação da Lazard Asset Management, explicou numa publicação que quando o custo de bens como açúcar, cacau e outros ingredientes sobe, as empresas não podem simplesmente aumentar os preços para cobrir os custos, revela o ‘Business Insider’.
Quando o preço de um produto sobe repentinamente, os consumidores tendem a optar por uma versão mais barata do produto ou por ir a outra loja para tentar encontrar um negócio melhor. Muitos supermercados e retalhistas, preocupados com a mudança dos clientes para outras cadeias, estão a pressionar os fabricantes para manterem os preços baixos, ameaçando retirar os seus produtos da lista e não os expor nas prateleiras.
Este impulso duplo, disse Neveling, significou que as empresas repassaram apenas cerca de 10% a 15% do aumento dos custos aos consumidores através de preços mais elevados. Ele disse que esse número atingiu o nível mais alto em várias décadas, o que significa que as empresas geralmente absorvem ainda mais a inflação.