Ikea espiou funcionários e sindicatos? Subsidiária francesa enfrenta multa que pode ir até aos 3,75 milhões de euros
Três antigos executivos da subsidiária francesa da Ikea e mais 12 pessoas vão comparecer hoje a tribunal, por alegada espionagem contra funcionários, entre 2009 e 2012. A empresa comprometeu-se a cooperar na investigação, no entanto corre ainda o risco de lhe ser aplicada uma multa, que pode ir até aos 3,75 milhões de euros.
Os advogados da gigante mobiliária negam que a empresa que tenha participado ou promovido qualquer ato de espionagem.
No entanto, Jean-François Paris, na altura gestor de risco da Ikea França, confessou que adquiriu informações pessoais e as divulgou internamente, sob as ordens do ex-CEO Jean-Louis Baillot.
Os arguidos podem enfrentar penas de até 10 anos de prisão e multas de até 750 mil euros.
Os sindicatos alegam que a Ikea França pagou para ter acesso aos arquivos da polícia que continham informações sobre determinados funcionários, com foco especial para ativistas sindicais e clientes que estavam em disputas judiciais e de outra natureza com o Ikea. Dois polícias estão entre o corpo de arguidos.
Na matéria de facto descrita no processo salta à vista o caso de um funcionário que pediu um seguro de desemprego à empresa, mas que alegadamente era proprietário de um Porshe, o que levou a subsidiária da gigante sueca a pedir informações à polícia sobre este colaborador.
Neste momento, a Ikea, que só em França emprega mais de 10 mil pessoas em 34 lojas, enfrenta ainda outras ações cíveis propostas por vários sindicatos e 74 trabalhadores.
A empresa demitiu quatro executivos e mudou a política interna, depois de o Ministério Público francês ter aberto uma investigação criminal em 2012.