II Guerra Mundial começou há 86 anos, com declaração de guerra contra a Alemanha feita pelo primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain

Esta terça-feira assinala-se o 86.º aniversário de um dos momentos mais sombrios da história mundial: o início oficial da Segunda Guerra Mundial. A 3 de setembro de 1939, o Reino Unido e a França declararam guerra à Alemanha nazi, apenas dois dias após a invasão da Polónia por Adolf Hitler, desencadeando assim o conflito mais devastador do século XX.

Na manhã daquele domingo, às 11h15, o primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain dirigiu-se à nação através de uma emissão radiofónica da BBC. Com a voz carregada de uma tristeza profunda, anunciou: “Esta manhã, o embaixador britânico em Berlim entregou uma nota final ao governo alemão. A nota dizia: A não ser que até às 11:00 estejam preparados para retirar as tropas da Polónia, passará a existir um estado de guerra entre nós. Tenho de dizer-vos agora que não foi recebido tal compromisso e que, consequentemente, este país está em guerra com a Alemanha.” Este pronunciamento marcou o início oficial do que viria a ser o conflito mais destrutivo da história.

A decisão de declarar guerra à Alemanha foi uma resposta direta à agressão nazi, que havia iniciado a invasão da Polónia a 1 de setembro de 1939. A França e o Reino Unido, cumprindo as suas obrigações de defesa estabelecidas pelo Tratado de Versalhes de 1919, viram-se forçados a intervir militarmente.

A invasão da Polónia, conduzida pela poderosa máquina de guerra alemã, foi rápida e devastadora. A resistência polaca, embora corajosa, não foi párea para as forças nazis, que em poucas semanas conseguiram conquistar o país. A situação agravou-se ainda mais a 17 de setembro, quando a União Soviética, então aliada de Hitler através do Pacto Molotov-Ribbentrop, invadiu a Polónia pelo leste, completando assim a divisão do território polaco entre os dois regimes totalitários.

O anúncio de Chamberlain foi recebido com um misto de resignação e pavor pelos britânicos, que temiam um novo conflito de grandes proporções após o trauma da Primeira Guerra Mundial. Apesar da declaração de guerra, o início das hostilidades foi relativamente calmo, numa fase que ficou conhecida como a “Guerra de Mentira” ou “Phoney War”. Durante este período, que se prolongou até abril de 1940, houve pouca ação militar significativa na frente ocidental, enquanto as nações europeias se preparavam para o que estava por vir.

A verdadeira escalada da guerra começou quando a Alemanha invadiu a Noruega em abril de 1940, pondo fim à aparente calma. A incapacidade do Reino Unido de impedir a ocupação nazi da Noruega levou a críticas severas ao governo de Chamberlain, que acabou por se demitir em maio de 1940. Foi então substituído por Winston Churchill, cuja liderança firme se tornaria crucial para a resistência britânica durante os anos de guerra que se seguiram.

O impacto da Segunda Guerra Mundial foi imensurável. Ao longo de seis anos de conflito, milhões de vidas foram perdidas, e o mundo foi transformado de maneiras que ainda hoje se fazem sentir. As causas do conflito têm sido objeto de intenso debate entre os historiadores, com muitos apontando o ressentimento germânico após a Primeira Guerra Mundial e o Tratado de Versalhes como fatores fundamentais. Outros destacam a agressividade expansionista de Hitler e as falhas das potências europeias em conter as suas ambições territoriais, particularmente através do Acordo de Munique de 1938, que cedeu a região dos Sudetas à Alemanha na esperança, vã, de evitar uma nova guerra.

Ao relembrarmos este aniversário, é crucial refletir sobre as lições que a Segunda Guerra Mundial nos deixou. A necessidade de diplomacia firme, o perigo do apaziguamento de regimes agressivos e a importância de uma cooperação internacional robusta são apenas algumas das mensagens que continuam a ser relevantes nos dias de hoje. O início deste conflito global, há 86 anos, serve como um lembrete solene dos custos da guerra e da importância da paz.

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