Idosos e imigrantes são os mais afetados: há cerca de 200 mil utentes apagados das listas dos centros de saúde, acusa associação

Há cerca de 200 mil utentes que foram apagados das listas dos centros de saúde por questões administrativas num ano, denuncia esta quarta-feira a rádio ‘Renascença’: de acordo com a Associação de Médicos de Medicina Geral e Familiar, a situação afeta sobretudo os mais vulneráveis – os idosos com mais de 80 anos que ainda têm bilhete de identidade e os imigrantes -, uma vez que o registo no centro de saúde é apagado ou inativado sempre que não são atualizados os dados administrativos.

Segundo António Pereira, vice-presidente da associação, a limpeza afeta utentes mesmo que estes sejam utilizadores regulares. “Foram considerados uma série de dados como obrigatórios para a manutenção de um registo comum como ativo, nomeadamente o número de Identificação Fiscal, o número da Segurança Social, a data de validade”, refere, salientando que “o que se passa é que existem utentes que pelo facto, terem Bilhete de Identidade ou por serem migrantes, muitas vezes não têm esses dados atualizados e estão a ser retirados das listas de utentes”.

“Na realidade, existem utentes que são utilizadores que nós conhecemos que continuam a necessitar dos nossos serviços de saúde, mas estão a ser retirados e considerados inativos e com isso, perdem o direito a ter o seu médico de família”, sublinha.

A operação de limpeza das listas dos centros de saúde é, para o responsável, uma questão de cosmética que prejudica quem mais precisa de médico. “Inicialmente foram dadas listagens aos centros de saúde com os utentes que iriam ser retirados nestas condições. Houve um enorme trabalho dos secretários clínicos dos centros de saúde para informar e solicitar aos utentes a atualização desses dados. Mas infelizmente, nem sempre essa atualização foi possível”, aponta.

“Infelizmente, estão a ser retirados utentes que existem. Não devem ser utilizados esses mecanismos para retirar utentes que que são utilizadores e que necessitam dos cuidados numa questão apenas de cosmética, da questão, do número de utentes sem médico de família”, lamenta o vice-presidente da Associação de Médicos de Medicina Geral e Familiar.

No entanto, António Pereira refere ainda que, apesar da saída de 200 mil utentes das listas, não há mais pessoas com médico. “Já foram retirados do ano passado para este cerca de 200 mil utentes, mas a verdade é que nós não temos mais utentes com médico de família e não temos mais utentes com médico de família”, aponta, salientando que “grande parte desses utentes não tinham médico de família porque eles na realidade não existem, mas também porque temos menos médicos de família do que tínhamos no ano passado e sem ter mais médicos de família, é muito difícil nós termos mais utentes com médico de família”.

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