Ideias “sem sentido” e “estupefação”: militares criticam Governo por querer transformar Forças Armadas em reformatórios de jovens delinquentes

A sugestão da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, de colocar jovens delinquentes em serviço militar obrigatório, a mesma visão de Nuno Melo, ministro da Defesa, deixou “estupefacto” Paulo Amaral, da Associação de Praças.

“Se o senhor ministro pensa que colocar os pequenos delinquentes nas Forças Armadas será um castigo, então ainda é pior”, referiu, em declarações à rádio ‘Renascença’. “Então os homens e mulheres que lá prestam serviços também estão a ser castigados? É isso que o senhor ministro quer passar para a sociedade? É isso que o senhor ministro quer dizer aos portugueses e às portuguesas: que os militares das Forças Armadas que estão a prestar serviço estão a ser castigados?”

De acordo com o responsável, este “não é o melhor caminho que o senhor ministro está a ter no início do seu mandato, como ministro da Defesa Nacional”, salientando que “se for, de facto, a ideia do senhor ministro, é importante referir que as Forças Armadas portuguesas, os homens e mulheres que lá prestam serviço, têm que ser tratados com muita dignidade”.

Para o presidente da Associação de Praças, “levar pequenos delinquentes para as Forças Armadas, tornando as Forças Armadas, as unidades militares, em reformatórios ou casas de correção, não faz o mínimo sentido”. “Parece-me até que isto é uma maneira sub-reptícia de criar aqui precariedade nas Forças Armadas”, acusou.

A mesma ideia partilhou o presidente da Associação Nacional de Sargentos, Lima Coelho. “As Forças Armadas não são uma instituição correcional nem uma instituição de reinserção social. Não há muito tempo, para se ingressar nas Forças Armadas era necessário ter um registo criminal absolutamente limpo. Ora, essa é uma ideia peregrina que não faz qualquer sentido. Importa é perceber que Forças Armadas queremos construir”, indicou.

Recorde-se que o ministro da Defesa, Nuno Melo, defendeu na semana passada que o serviço militar pode ser uma alternativa para jovens que cometeram “pequenos delitos” em vez de serem colocados em instituições.

“Quantos destes jovens é que, se em vez de estarem institucionalizados sem nenhumas condições, pudessem cumprir um serviço militar, ter oportunidade de um exercício de formação, de autoridade, de valores, não poderiam ser mais tarde cidadãos muito melhores e simplesmente não lhes foi dada essa oportunidade?”, frisou.

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