Ideias que mudam o mundo – Boston Metal

Por: Fast company

A maneira como os seres humanos produzem aço manteve-se mais ou menos igual durante, pelo menos, dois mil anos. O minério de ferro é aquecido a temperaturas extremamente elevadas para separar o minério nas suas duas partes componentes: ferro e oxigénio. O oxigénio é libertado e o ferro líquido puro pode ser transformado em aço. Este processo de aquecimento tem dependido, há muito, de altos-fornos que queimam combustíveis intensivos em carbono, como o carvão, razão pela qual, actualmente, a produção de aço é responsável por cerca de 10% das emissões globais de dióxido de carbono. Por cada tonelada de aço produzida numa siderurgia tradicional, são libertadas duas toneladas de CO2 para a atmosfera.
A Boston Metal quer reduzir a pegada ambiental do aço, eliminando o carbono da equação. A sua tecnologia de Electrólise de Óxido Fundido (MOE) combina minério de ferro com um electrólito de óxido líquido e usa electricidade – e não carvão – para aquecer estes ingredientes todos a cerca de 1600 graus Celsius e produzir ferro líquido puro. O processo de uma só etapa é muito mais simples do que a fundição típica e não produz subprodutos de carbono. Quando a electricidade provém de fontes renováveis, não há emissões de carbono. Esta tecnologia é a vencedora do prémio Ideias Que Mudam o Mundo da Fast Company na categoria clima.

«O aço é o grande prémio», afirma Adam Rauwerdink, vice-presidente sénior de desenvolvimento comercial da Boston Metal. De facto, prevê-se que a procura de aço aumente 30% até 2050, pelo que a corrida está lançada para encontrar formas de ajudar a indústria a tornar-se ecológica. Já existem fornos de aço eléctricos, mas exigem minério de ferro de qualidade muito elevada e com poucas impurezas. Este minério de primeira qualidade é escasso, o que é uma das razões pelas quais o aço não conseguiu descarbonizar-se: apenas o alto-forno pode lidar com os minérios de menor qualidade, mais abundantes. Mas o MOE pode trabalhar com qualquer tipo de minério, o que significa que «estamos a desenvolver uma solução que pode substituir totalmente o alto-forno», segundo Adam Rauwerdink.
Até agora, a empresa validou a MOE para o aço à escala semi-industrial e pretende ter a sua primeira fábrica de demonstração a funcionar em Boston até 2026. Entretanto, a empresa está concentrada em diversificar o seu fluxo de caixa, utilizando a MOE para outros fins – nomeadamente, transformar resíduos das minas em metais de elevado valor numa instalação subsidiária no Brasil. As primeiras receitas desse projecto estão previstas para este ano e serão utilizadas para apoiar o projecto-piloto de aço verde. 

A Boston Metal angariou recentemente 260 milhões de euros numa ronda de financiamento da Série C, com investidores que incluem a Corporação Financeira Internacional do Banco Mundial, a Breakthrough Energy Ventures e o Fundo de Inovação Climática da Microsoft. No final do ano passado, o Departamento de Energia concedeu à empresa uma subvenção de 46 milhões de euros para a construção de uma fábrica na Virgínia Ocidental para a produção local de materiais críticos, incluindo o crómio metálico, criando 200 postos de trabalho locais. «Existe uma história muito forte no sector dos metais no norte da Virgínia Ocidental, mas tem diminuído nas últimas décadas», refere Adam Rauwerdink. «Estão a perder postos de trabalho na indústria siderúrgica, pelo que é importante trazer os postos de trabalho de volta a essa região.»






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