Humanos podem viver até aos 20 mil anos com avanços na genética, defende investigador português

A investigação em novas terapias genéticas tem o potencial de não só aumentar a nossa expectativa de vida em décadas, mas também de prolongá-la para milénios. João Pedro de Magalhães, catedrático de biogerontologia molecular do Instituto de Inflamação e Envelhecimento da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, propõe que poderemos viver entre 1.000 e 20.000 anos se conseguirmos compreender completamente os mecanismos do envelhecimento.

Os investimentos na investigação de terapias genéticas para combater o envelhecimento prometem não só uma vida mais longa, mas também uma vida com melhor saúde. Magalhães, que tem estudado o genoma de animais longevos como a baleia-da-Groenlândia e o rato-toupeira-pelado, acredita que o futuro da biogerontologia reside em travar completamente o processo de envelhecimento. “Precisamos aprender a reparar o ADN e a reprogramar as células para um processo de envelhecimento drasticamente distinto”, afirma o investigador português, citado pelo ScienceAlert.

Magalhães observa que animais como humanos, baleias e elefantes, enfrentam problemas semelhantes como o cancro, que reduzem a sua esperança de vida. No entanto, estes animais utilizam diferentes mecanismos moleculares para alcançar a longevidade. A baleia-da-Groenlândia, por exemplo, possui uma capacidade superior de reparação do ADN. Genes como o P53, associado à supressão do cancro, são apontados por Magalhães como fatores chave para um envelhecimento mais lento.

Magalhães argumenta que se o envelhecimento estiver programado no nosso ADN, seria teoricamente possível reprogramar as células para modificar os genes envolvidos no processo de envelhecimento. “Tal como o meu bisavô morreu de pneumonia, uma das principais causas de mortalidade na década de 1920, mas hoje pode ser tratada com uma simples dose de penicilina, acredito que poderemos fazer o mesmo com o envelhecimento”, explica Magalhães.

Embora Magalhães não acredite que um “fármaco da juventude” esteja próximo, ele vê potencial em compostos como a rapamicina, que prolonga a vida em 10 a 15% em animais e já está aprovado para uso humano. “Sou otimista e acredito que desenvolveremos fármacos semelhantes às estatinas, que tomamos diariamente para reduzir o risco de doenças cardíacas, mas com fins de longevidade”, afirma. “Se pudéssemos retardar o envelhecimento humano em 10% ou mesmo 5%, seria incrível.”

Magalhães sugere que, se conseguíssemos “curar” o envelhecimento, a duração média da vida humana poderia ultrapassar os 1.000 anos, com uma esperança de vida máxima potencial de até 20.000 anos, excluindo acidentes e mortes violentas. “Algumas espécies já podem viver centenas ou até milhares de anos. Se conseguirmos redesenhar a nossa biologia para eliminar o cancro e superar os efeitos nocivos do nosso ‘software’ genético, os benefícios para a saúde seriam extraordinários”, conclui.

A investigação em novas terapias genéticas continua a avançar, e as descobertas de Magalhães e outros cientistas prometem revolucionar a forma como entendemos e tratamos o envelhecimento. Se os objetivos desta investigação forem alcançados, poderemos estar à beira de uma era onde a longevidade humana atinge novos patamares, transformando profundamente a nossa sociedade e a forma como vivemos.

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