Homicídios, torturas e violações mas nenhuma evidência de genocídio: o que diz o último relatório da ONU sobre a Ucrânia
Desde que teve início a invasão russa na Ucrânia, há provas de que Moscovo cometeu crimes de guerra como assassinatos, torturas e violações de civis, porém não há provas de que estes tiveram intenções genocidas, segundo o relatório mais recente da Organização das Nações Unidas (ONU).
A Comissão Internacional Independente de Inquérito das Nações Unidas sobre a Ucrânia defendeu que este tema justifica uma investigação mais aprofundada. “Não descobrimos que tenha havido um genocídio na Ucrânia”, revelou o chefe da equipa de investigação da ONU, Erik Møse, ao salientar: “Dito isto, estamos, naturalmente, a seguir todo o tipo de provas dentro desta área e notámos que existem alguns aspetos que podem levantar questões relativamente a esse crime (genocídio)”.
Também a transferência ilegal de menores da Ucrânia pelas autoridades russas foi destacada na apresentação do documento, sendo apelidada de “crime de guerra”. “A comissão investigou a situação das transferências forçadas e deportações de crianças dentro da Ucrânia e para a Federação Russa”, esclareceu a Comissária das Nações Unidas para a Investigação da Ucrânia, Jasminka Dzumhur, segundo a Euronews.
“Os números fornecidos pelas duas partes variam muito” acrescentou ao frisar que foram identificadas “várias situações em que tais transferências e deportações tiveram lugar em incidentes examinados pela comissão”.
Foram também abordados os ataques às infraestruturas energéticas e hídricas da Ucrânia por parte da Rússia que podem igualmente ser classificados como crimes contra a humanidade, de acordo com o inquérito internacional sobre a guerra.
O presidente da Rússia ordenou a invasão à Ucrânia no dia 24 de fevereiro de 2022 para “desmilitarizar e desnazificar” o país vizinho, ofensiva militar que levou a União Europeia (UE) a responder com vários pacotes de sanções internacionais.
A invasão causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas, 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus, informam os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.173 civis mortos e 13.620 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais, contudo diversas fontes, entre as quais a Organização das Nações Unidas (ONU), admitiram que este número deverá ser muito mais elevado.