Hoje celebra-se o ‘Juneteenth’, o fim da escravidão nos Estados Unidos

Esta quarta-feira, os Estados Unidos celebram o fim da escravidão, um capítulo doloroso na história da nação cujo legado continua a reverberar. O ‘Juneteenth’ – uma combinação das palavras “junho” e “décimo nono” – foi celebrado durante décadas pelas comunidades negras como o Dia da Emancipação, mas o recente acerto de contas mais amplo sobre as injustiças raciais e o aprofundamento da polarização política empurrou o dia ainda mais para a proeminência nacional e cultural.

Depois de em 2023 ter sido a segunda vez na história dos Estados Unidos que se celebrou como feriado federal oficial, hoje volta a comemorar-se o ‘Juneteenth’, uma data celebrada pela ‘América Negra’ desde 1865, quando as tropas americanas chegaram ao Texas para anunciar que a guerra civil americana tinha chegado ao fim com a rendição da Confederação.

O feriado também foi chamado de Décimo Primeiro Dia da Independência, Dia da Liberdade, segundo Dia da Independência e Dia da Emancipação.

Em abril desse ano, em Appomattox, pequena cidade no estado da Virgínia, o general confederado Robert E. Lee entregou a sua espada em rendição ao general americano Ulysses S. Grant.

O “Juneteenth” comemora o anúncio formal do general da União, Gordon Granger, e as suas tropas, que navegaram para Galveston (Texas) a 19 de junho de 1865, para anunciar o fim da escravidão no Texas. O dia celebra oficialmente o fim da escravidão no Texas, embora a escravidão tenha terminado em outros estados conforme os soldados da União ocuparam essas áreas.

Ao chegar, o general anunciou a “Ordem Geral Nº 3”, proclamando o fim da Guerra Civil dos EUA, e com isso, a libertação de cerca de 250 mil negros escravizados em todo o Texas, o último refúgio da escravidão. “O povo do Texas é informado de que, de acordo com uma proclamação do Executivo [presidente] dos Estados Unidos, todos os escravos são livres”, pode ler-se na ordem.

A libertação do povo negro tinha sido estabelecida pelo presidente Abraham Lincoln a 1 de Janeiro de 1863 com a “Proclamação de Emancipação” mas foi preciso até ao fim dos Estados Confederados da América para que este libertasse totalmente os escravizados. Em dezembro de 1865, entrou em vigor a 13ª Emenda à Constituição dos EUA, selando permanentemente a libertação do povo negro e de todos os outros em cativeiro.

“Nem a escravatura nem a servidão involuntária, exceto como punição por crime de que a parte tenha sido devidamente condenada, existirão nos Estados Unidos, ou em qualquer lugar sujeito à sua jurisdição”, declarou.

A celebração do 19 de junho começou no Texas mas espalhou-se rapidamente a outras partes dos Estados Unidos. Em diversas comunidades negras o dia fica marcado com desfiles e outras festividades.

O Texas foi o primeiro Estado a reconhecer a importância do dia 19 de junho, primeiro por uma proclamação de 1938, tendo a legislação entrado em vigor a 1 de janeiro de 1980, marcando o dia como feriado oficial no Estado. O presidente Joe Biden, a 17 de junho de 2021, determinou que a data seria convertida num feriado federal, o segundo que celebra os negros americanos – o primeiro homenageia o aniversário de 15 de janeiro do campeão dos direitos civis e mártir Martin Luther King, Jr..

Ler Mais