«Hidrogénio pode e deve ser parte estruturante do plano de recuperação económica», diz Manuel Heitor
«Em Portugal, quando se fala de industrialização e inovação surgem os grandes inimigos a dizer que é melhor comprar fora», afirmou esta segunda-feira Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que falava na sessão de discussão da Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2), em Lisboa, em consulta pública até meados de Julho.
Para Manuel Heitor, «o hidrogénio pode e deve ser parte estruturante do plano de recuperação económica e do pacote de investimento europeu para 2021/2030 e, sobretudo, para os próximos três anos».
Na mesma sessão, o secretário de Estado da Energia, João Galamba, disse que o Governo português tem a ambição de «produzir muito hidrogénio e produzi-lo barato e de utilizá-lo abundantemente».
O também economista anunciou que existe «muita investigação» a ser desenvolvida «para que, com os mesmos recursos, se possa produzir mais hidrogénio e mais baratos». No entender de Galamba, «estes dois objectivos são centrais para um país que se quer afirmar como produtor, utilizador e exportador de hidrogénio». «Não o poderemos fazer se não dermos condições para existirem reduções de custo significativas e aumentos da produtividade e eficiência», salientou.
Recorde-se que o Governo aprovou, a 21 de Maio, o diploma sobre a EN-H2, na qual prevê investir sete mil milhões na próxima década. «O actual contexto da pandemia causado pelo Covid-19, reforça a necessidade de Portugal cumprir o objectivo que assumiu de atingir a neutralidade carbónica até 2050», sublinhava o Ministério do Ambiente e da Ação Climática, num comunicado enviado às redações, justificando que esse é o caminho para «a criação de novos modelos de negócio e relançamento da economia, abrindo novas oportunidades de desenvolvimento económico e industrial» para o país.
A EN-H2 tem como objectivo principal «introduzir um elemento de incentivo e estabilidade para o sector energético, promovendo a introdução gradual do hidrogénio enquanto pilar sustentável e integrado numa estratégia mais abrangente de transição para uma economia descarbonizada». A estratégia, segundo o Governo, «deve também ser entendida como facilitadora do cumprimento das metas e objectivos que já constam do PNEC 2030», baixando os custos da estratégia de descarbonização proposta.
Entre os projectos e iniciativas a realizar, destaca-se a construção de uma unidade de produção de hidrogénio verde em Sines, que representa investimento base superior a 2,85 mil milhões de euros, que «permita posicionar Sines e Portugal.
Interessados no projecto de hidrogénio em Sines têm até 17 de Julho para manifestar interesse
O Governo abriu, na passada quinta-feira, um período de candidaturas para que empresas e entidades portuguesas ou europeias com provas dadas na área do hidrogénio possam manifestar o seu interesse no projecto de hidrogénio em Sines. O período de candidaturas termina a 17 de Julho.
O «convite» destina-se «a empresas ou entidades portuguesas ou europeias, cujos projectos propostos se traduzam num valor acrescentado para o nosso país, nomeadamente por via do estabelecimento em Portugal e da criação de emprego» e considera-se ainda como aspecto fundamental a «redução de emissões de CO2 equivalente associada por projecto apresentado», refere um comunicado do Ministério do Ambiente e da Ação Climática.
«Esta auscultação do mercado e eventual complementaridade de projectos» vai, segundo o Executivo, permitir «robustecer a candidatura portuguesa ao Important Project of Common European interest e incentivar sinergias a nível de cluster industrial, nomeadamente na inovação, PME ou reforço da capacidade de produção, potenciando a capacidade de exportação».
Portugal, recorde-se, ambiciona integrar, ainda este ano, o primeiro Projeto Importante de Interesse Europeu Comum de Hidrogénio a nível europeu. Por outro lado, pretende que as primeiras unidades de eletrolisadores entrem em operação em 2022.
As manifestações de interesse serão avaliadas por um Comité de Admissão de projectos, que envolve as áreas governativas da Economia e Transição Digital, do Ambiente e da Ação Climática e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e Negócios Estrangeiros, apoiados a nível técnico pela Direção-Geral de Energia e Geologia e o Laboratório Nacional de Energia e Geologia.