Hertz pretende vender 20 mil veículos elétricos nos EUA devido à fraca procura e custos elevados. E em Portugal? CEO revela estratégia
A Hertz, empresa de aluguer de automóveis, anunciou a intenção de vender 20 mil veículos elétricos da sua frota nos Estados Unidos devido à baixa procura dos clientes, altos custos de manutenção e menor valor residual.
“A empresa espera reinvestir parte da receita da venda de veículos elétricos na compra de veículos com motores de combustão interna para atender à procura dos clientes”, salientou a empresa, ao SEC (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários dos EUA).
“Esperamos que esta medida equilibre melhor a oferta com a procura esperada por veículos elétricos”, acrescentou a empresa, garantindo que perdeu 245 milhões de dólares no quarto trimestre de 2023 devido à depreciação dos veículos.
E em Portugal, vai ser seguida a mesma estratégia? Contactado pela ‘Executive Digest’, Duarte Guedes, CEO da Hertz, manifestou uma intenção contrária.
“A Hertz em Portugal leva bastante a sério a descarbonização da atividade como um dos fatores da sua política de ESG, distinguida já pelo Turismo de Portugal, medindo por exemplo as emissões da frota de maneira regular”, referiu o responsável.
“Acreditamos que a eletrificação é um passo importante para a descarbonização. Nesse sentido vamos continuar a seguir a estratégia de aumentar a frota elétrica já este ano de 2024, de acordo com a evolução do mercado de veículos novos em Portugal, mas garantindo sempre a competitividade da oferta, fazendo uma gestão equilibrada e de forma responsável desta transição”, precisou.
A decisão da Hertz em reduzir a sua frota de veículos elétricos nos Estados Unidos, que respondem por 11% do total do seu parque automóvel, e o regresso a veículos mais convencionais é uma mudança acentuada na estratégia. A Hertz anunciou, em 2021, a compra de 100 mil carros elétricos da Tesla e em 2022 concordou com a General Motors em comprar outros 175 mil veículos elétricos até 2027. Foi também assegurado um acordo com a Polestar para comprar 65 mil unidades Polestar 2 em cinco anos.
No entanto, as previsões econômicas da empresa, que esperavam maior valor residual dos veículos elétricos, foram atingidas pelos cortes de preços da Tesla em 2023, o que fez aumentar os custos de depreciação desses veículos. Em outubro último, Stephen M. Scherr, o CEO da Hertz internacional, disse durante a apresentação dos resultados do terceiro trimestre que a empresa reduziria a sua frota de carros elétricos por causa do efeito que esses veículos estavam a ter nos resultados financeiros.
“Os altos custos associados aos veículos elétricos persistiram e os esforços para consertá-lo acabaram por mais complicados”, salientou o responsável: a Hertz possui cerca de 60 mil veículos elétricos nos Estados Unidos e colocou um terço do total à venda.