Hacker Rui Pinto sabe esta tarde se responde por 377 crimes em segundo processo

Esta quinta-feira, a partir das 14 horas, vai decorrer no Tribunal Central de Instrução Criminal a leitura da decisão instrutória do segundo processo contra o hacker Rui Pinto, que poderá responder pela autoria de 377 crimes, com o Ministério Público a acusá-lo de acesso ilegítimo ao sistema informático do Benfica e posterior entrega dos emails ao diretor de comunicação do Futebol Clube do Porto, Francisco J. Marques.

O Ministério Público (MP) admitiu, no debate instrutório, a aplicação da lei da amnistia a 134 dos 377 crimes imputados ao criador do Football Leaks, Rui Pinto, remetendo essa decisão para a juíza de instrução.

A defesa realçou que o arguido “não deverá ser pronunciado por 310 dos 377 crimes” presentes na acusação, ao passo que os assistentes presentes no debate instrutório afirmam que “deverá ser pronunciado por todos os crimes que é acusado”, como explicaram os advogados do Benfica Rui Patrício e João Medeiros aos jornalistas.

“O arguido deve ser pronunciado porque ele próprio admite que cometeu os crimes. A única coisa que contesta é o número de crimes e a qualificação dos crimes. Levou um conjunto de razões jurídicas para tentar reduzir o número de crimes e nós entendemos que não tem razão. Deve ser pronunciado em qualquer circunstância. O resultado será inevitavelmente, estamos em crer, a sua submissão a julgamento”, indicou Rui Patrício.

Em relação à lei da amnistia, aprovada no âmbito da vinda do Papa a Portugal, para a Jornada Mundial da Juventude, em agosto do ano passado, esta “é apenas residual relativamente ao número global de crimes”, sendo ainda uma questão “juridicamente muito discutível” e que os advogados do Benfica entendem que “não se aplica neste caso” em concreto.

“Se alguns dos crimes caírem por força da amnistia, sobra tudo o mais. Esse tudo o mais é suficientemente crime e suficientemente grave para se ir a julgamento e discutirmos de uma vez por todas este assunto, sem subterfúgios processuais como aconteceu em outros processos”, disse ainda a equipa de advogados que representa o clube lisboeta.

No final do debate instrutório, no qual Rui Pinto não esteve presente por se encontrar em França a colaborar com autoridades europeias num processo, a juíza de instrução adiou para esta quinta-feira a leitura da decisão instrutória.

Rui Pinto, de 35 anos, já tinha colaborado anteriormente com a justiça francesa ainda antes do julgamento do processo Football Leaks, no qual acabou condenado, em setembro do ano passado, pelo Juízo Central Criminal de Lisboa, a quatro anos de prisão com pena suspensa, por um crime de extorsão na forma tentada, três de violação de correspondência agravado e cinco de acesso ilegítimo.

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