Habitantes de cidade alemã votam a favor da exterminação de pombos em referendo invulgar: mas será esta a solução?

Os pombos provocam sensações distintas na maioria das praças europeias: se por um lado provocam instintos mais carinhosos naqueles que estão dispostos a alimentar os animais, há também quem sinta repugnância e irritação pelo à-vontade junto das pessoas. Mas há uma cidade alemã em que esta relação tomou um rumo mais drástico, relata o site ‘Euronews’.

Em Limburg an der Lahn, no estado de Hesse, na Alemanha Ocidental, foi votada a exterminação da sua população de 700 pombos. No passado dia 9, foi realizado um referendo – no mesmo dia das eleições europeias – depois de a decisão da Câmara Municipal de matar as aves em novembro de 2023 se ter revelado controversa.

O referendo resultou no voto favorável de pouco mais de 53% dos residentes, que se mostraram a favor do abate dos pombos, indica o diário ‘Der Spiegel’. “O resultado era imprevisível para nós. Os cidadãos fizeram uso do seu direito e decidiram que os animais devem ser abatidos por um falcoeiro”, salienta o presidente da câmara, Marius Hahn.

Este foi o método inicialmente proposto pelo conselho no ano passado, e a questão colocada aos eleitores foi simplesmente se a decisão se devia manter. Mais precisamente, o falcoeiro atrai as aves para uma armadilha, bate-lhes na cabeça com um pau de madeira para as atordoar e depois parte-lhes o pescoço.

O anúncio do plano causou o horror junto dos ativistas. “Não podemos matar animais só porque nos incomodam ou são um incómodo. Isso não é aceitável”, refere Tanya Muller, gestora do projeto de abate de pombos da cidade de Limburgo, em declarações aos britânicos da ‘Sky News’.

Será o abate de pombos uma forma eficaz de reduzir as populações?

Os críticos afirmam que, para além de ser cruel, o abate de pombos não é realmente eficaz, uma vez que as aves que restam se reproduzem e repõem a população. Há estudos que apontam que o número de pombos pode mesmo aumentar após um abate.

Foi o que aconteceu em Basileia, na Suíça. Entre 1961 e 1985, a cidade matou cerca de 100 mil pombos por ano, mas a população manteve-se estável, refere um site de notícias local.

Um grupo chamado ‘Pigeon Action’ encontrou uma solução alternativa, agora conhecida como o “modelo de Basileia”, em que os cidadãos eram avisados para não alimentarem os animais. Foram também instalados pombais para que os ovos pudessem ser facilmente retirados. Como resultado, a população de pombos de Basileia diminuiu 50% em quatro anos.

De que outra forma estão as cidades europeias a resolver os seus problemas com os pombos?

A cidade bávara de Augsburgo encontrou uma solução semelhante. Uma organização local de proteção dos animais supervisiona vários pombais, trocando ovos novos por chupetas para manter o número de pombos sob controlo.

Muitas outras cidades alemãs são afetadas por estas aves cinzentas. Kaiserslautern também está a experimentar o “modelo de Augsburgo”, com novas torres de pombos onde as aves são realojadas. Foram também instalados pombais ou locais de nidificação controlada em Ludwigshafen, Mainz, Pirmasens e Zweibrücken.

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