Há mais de 600 crianças a ter aulas em casa: ensino doméstico ganha adeptos em Portugal
Portugal tem 623 crianças e jovens em ensino doméstico, sendo que a maioria se concentra na Área Metropolitana de Lisboa, seguida de perto pela região Centro: é provável que o número seja mais expressivo pois haverá muitos que, vivendo em território nacional, estão matriculados nos países de origem, como é o caso da maioria dos filhos das comunidades estrangeiras, indicou esta terça-feira o ‘Diário de Notícias’.
Os números do Ensino Doméstico em Portugal poderiam ser mais elevados se não fosse o decreto-lei de 2021, que estabeleceu a obrigatoriedade de o pai ou a mãe terem grau académico de licenciatura, o que fez baixar os números nos últimos três anos. Há uma década, eram pouco mais de 300. Em 2006/07, havia seis crianças em ensino doméstico, mas a tendência era crescente: 44 no ano seguinte, e depois 67, 82, 97, 76 e 330. “O número cresceu quase até aos mil até ao decreto-lei”, explicou Álvaro Ribeiro, investigador de Ciências da Educação na Universidade do Minho.
“Se a escola funciona bem para um conjunto de alunos que já são bons e sê-lo-iam em qualquer escola, já não funciona bem para a maioria, que tem dificuldades e precisa de outro tipo de apoio. A escola já não consegue acomodar diferentes aspirações e inspirações. As pessoas que recorrem ao ensino doméstico são pessoas com formação. Que sabem o que querem, para que querem e como executar”, referiu o especialista.
O ensino doméstico estende-se desde o 1º Ciclo até ao ensino superior. “O que vejo é que tendem a ter classificações ligeiramente mais altas. O ensino é individualizado, as formas, técnicas e tempos são outros”, frisou Álvaro Ribeiro. “Há uma disponibilidade por parte do educador – que na maioria dos casos é a mãe – para proporcionar uma linha de tempo de ensino ao sabor do interesse e necessidade do aluno.”