Há lições a tirar? Como está a Itália a evitar uma segunda vaga da Covid-19

A Itália está entre os países europeus que melhorar estão a evitar a segunda vaga de covid-19, descrita como “alarmante” pela Organização Mundial de Saúde (OMS), graças a uma estratégia de vigilância activa e respeito pelas medidas ditadas pelo Governo.

O número de casos por 100.000 habitantes nos últimos dias foi de 33 na Itália, enquanto na Espanha foi 300 e na França 158. As novas infecções na Itália rondam as 1500 por dia, às vezes 2000 – longe do que está a acontecer em Espanha, França ou Reino Unido.

A Itália, por enquanto, está a evitar uma segunda vaga graças a uma série de medidas que as pessoas estão a respeitar “com bastante disciplina”. Fabrizio Pregliasco, virologista da Universidade de Milão e director do Instituto Galeazzi, acredita que a ‘chave’ para a situação epidemiológica estável até agora é que o confinamento de dez semanas imposto em todo o país, no início de Março, ainda se está a fazer sentir.

“O nosso confinamento foi mais longo do que os outros, as pessoas obedeceram e, embora o epicentro tenha sido no norte, todo o país assumiu o confinamento”, disse Pregliasco, citado pelo ABC.

Por sua vez, Walter Ricciardi, que faz parte da comissão científica que auxilia o Governo e é assessor do Ministro da Saúde, explica como Itália está conseguir conter os novos casos. “Não voltamos aos níveis de contágio de Março, como outros países europeus, porque fomos cuidadosos nas regras básicas e não devemos baixar a guarda. Distanciamento social, máscaras e evitar ajuntamentos são medidas fundamentais”, disse.

Além disso, a Itália não reduziu os 14 dias estabelecidos para a quarentena para 7 ou 10, como fizeram outros países europeus.

Uma medida igualmente importante foi a definição de uma “estratégia de vigilância activa” em todo o país, implementada por iniciativa do professor de microbiologia da Universidade de Pádua e assessor do Governo regional para a covid-19, Andrea Crisanti.

“Quando se descobre um caso positivo, mesmo assintomático, toda a rede de contactos dessa pessoa é testada, tanto a família, como as relações laborais e sociais. Hoje, essa estratégia de vigilância activa está a ser usada em todo o país ”, explica Crisanti ao ABC.

Trata-se de uma medida crucial para conter o vírus, já que o rastreamento de contactos evita o surgimento de surtos.

Além disso, de uma forma geral, a coordenação entre o Governo e as regiões tem sido boa, durante o confinamento e o alívio de restrições. O trabalho desenvolvido pelo primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, no combate à pandemia tem sido elogiado.

A Itália já registou mais de 300 mil casos de infecção e mais de 35 mil mortes por covid-19 desde o início da pandemia, segundo dados da universidade Johns Hopkins.

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