Há dez anos que a Amazónia não ardia tanto no mês de Agosto

A Amazónia assiste à pior época de incêndios da última década, com mais de 10.000 fogos registados apenas nos primeiros dez dias de Agosto – um aumento de 17% em relação ao ano passado.

A análise dos números do governo brasileiro pela organização não-governamental Greenpeace mostrou que os incêndios aumentaram 81% nas reservas federais, em comparação com o mesmo período do ano passado.

O aumento é preocupante, já que a época de incêndios este ano pode ser ainda pior do que a do ano anterior.

“É o resultado directo da falta de uma política ambiental por parte deste governo”, disse Romulo Batista, activista florestal da Greenpeace Brasil, em declarações ao ‘The Guardian’. “Tivemos mais fogos do que no ano passado”, acrescentou.

Em Julho, o governo brasileiro proibiu os incêndios durante 120 dias nas regiões da Amazónia e do Pantanal, onde também se registam fogos.

Esta terça-feira, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, alegou que os relatos do aumento do número de incêndios na Amazónia eram “uma mentira”.

Os incêndios em Julho aumentaram 28% em relação ao ano passado, de acordo com o Instituto de Investigação Espacial do Brasil (INPE), responsável pela monitorização por satélite.

Os incêndios durante a estação seca da Amazónia são principalmente causados por pessoas que limpam terras ou queimam árvores abatidas ou florestas das quais já foram removidas madeiras valiosas, de acordo com o activista da Greenpeace Brasil.

A análise da Greenpeace mostrou ainda que as regiões mais atingidas pelos incêndios nos primeiros dez dias de Agosto foram algumas das mais importantes áreas de produção pecuária da zona.

Além disso, a desflorestação entre Agosto de 2019 e Julho de 2020 aumentou cerca de 30%. Grande parte da terra torna-se pasto para gado, que é responsável por 80% da desflorestação da Amazónia.

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