Guerras na Ucrânia e em Gaza valorizam indústria militar em 60%, revela estudo

O conflito na Ucrânia colocou à prova a capacidade industrial militar da Europa e dos Estados Unidos, tendo obrigado as empresas a multiplicar as suas linhas de produção para responder ao aumento da procura e repor stocks devido ao envio de armas para Kiev. No entanto, além da mudança de mentalidade política e social, o conflito na Europa – e o mais recente no Médio Oriente – teve um impacto direto na situação financeira e na cotação bolsista das empresas do setor, que registaram um ‘boom’ sem precedentes ao longo dos últimos dois anos.

Disso mesmo deu conta um relatório da consultora ‘Accuracy’, que analisou a evolução, entre 2021 e 2023, do preço das principais empresas de defesa americanas e europeias, que demonstrou um aumento considerável no valor de mercado das 14 empresas analisadas.

E quais as empresas? Dos Estados Unidos, a ‘Lockheed Martin’, a ‘Northrop Grumman Corporation’, a ‘General Dynamics’, a ‘L3Harris Technologies’ e a ‘Huntington Ingalls Industries’; na Europa estão a ‘Honeywell International’, ‘RTX Corporation’, ‘Safran SA’, ‘BAE Systems, ‘Thales’, ‘Rheinmetall’, ‘Dassault Aviation’, ‘Leonardo’ e ‘Kongsberg’.

A capitalização em bolsa das empresas analisadas indicou um aumento de 35% entre 2021 e 31 de dezembro de 2023, embora o aumento não tenha sido igual nos dois lados do Atlântico: 25,5% são americanos e 75% são europeus. O maior aumento em ambos os casos foi observado no primeiro trimestre de 2022, com um aumento de capitalização total de 15% – já no último trimestre de 2023, foi registado um aumento de 8% devido à intensificação do conflito em Gaza.

Já a cotação das ações das empresas também sofreu um aumento notável nos dois principais índices americanos e europeus: o S&P 500 e o STOXX Europe 600 – de acordo com o estudo, desde 24 de fevereiro de 2022, a valorização média do preço das ações das empresas foi de 59,7%, bem acima do desempenho dos índices globais, de 13,4 e 7,4%, respetivamente. Na semana seguinte ao ataque do Hamas, o preço médio das ações cresceu cerca de 9%, enquanto o mercado permaneceu estável.

Por último, os volumes comercializados: com base nos dados das 14 empresas, foram de 7.188 milhões em 2022 e 6.378 milhões em 2023. De acordo com Ignacio Lliso, responsável da ‘Accuracy’, a expectativa é que o crescimento continue em linha com o anunciado aumento dos orçamentos dos países da NATO, enquanto as valorizações no mercado bolsista vão manter-se “enquanto existir um ambiente de elevada tensão geopolítica”.

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