Guerra na Ucrânia: europeus querem que conflito termine com negociações entre Kiev e Moscovo, aponta sondagem

Os europeus acreditam que a guerra na Ucrânia vai resolver-se através de uma negociação entre Kiev e Moscovo, revela esta quinta-feira uma sondagem realizada em 15 países – incluindo Portugal – publicado no jornal ‘Público’: no entanto, há divisões sobre o papel dos respetivos Governos perante o conflito.

De acordo com o estudo do ‘European Council on Foreign Affairs’ (ECFR), “apesar de a guerra se ter desenrolado de forma dramática, o mesmo não é verdade para a opinião pública, que mal se alterou desde o início do ano”. “A investigação mostra um terreno comum em termos do apoio público ao aumento do fornecimento de armas e munições à Ucrânia. Neste sentido, os líderes políticos europeus devem sentir-se capazes de continuar a enviar ajuda à Ucrânia”, indicam os autores do estudo.

A maioria em quase todos os países é favorável ao aumento do fornecimento de armas à Ucrânia – as exceções são Itália, Grécia e Bulgária. No entanto, sobre o papel dos Governos, há três campos distintos entre os países europeus – o chamado “campo da paz” é composto pelos mesmos três países, onde a maioria defende que se pressione Kiev para entrar em negociações com a Rússia. “As suas visões refletem preocupações mais próximas com as que foram geradas pela I Guerra Mundial — que a UE e a NATO possam entrar como sonâmbulos num novo conflito devastador”, apontam.

Depois, no extremo oposto, está o “campo da justiça”, defendido em países como Estónia, Reino Unido, Polónia, Suécia e Portugal, onde a maioria quer a continuidade do apoio europeu até que a Ucrânia recupere os seus territórios. “Os falcões no campo da justiça podem ver o conflito como algo idêntico à ameaça representada pela II Guerra Mundial e, desta forma, definir o seu consenso nacional como uma posição antiapaziguamento”, indica o relatório. Por último, um grupo intermédio, com países ‘divididos’ entre as duas possibilidades.

Há uma fatia considerável de europeus que acredita que a Rússia possa ir além da Ucrânia: o mais surpreendente é que esta convicção é mais forte em Portugal, França, Suíça e Reino Unido do que em países mais próximos da Rússia, como Estónia ou a própria Ucrânia.