“Guerra de clãs” está instalada no círculo próximo de Putin, denuncia fonte do Kremlin

O Presidente russo Vladimir Putin, que procura a sua recandidatura no cargo nas eleições em março próximo, terá de enfrentar uma “guerra de clãs” que está instalada no seu círculo mais próximo e nos corredores do Kremlin.

O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla original), assinalou que as tensões no ‘siloviki’ de Putin (termo que se refere aos veteranos dos setores da inteligência militar e segurança de quem Putin se faz rodear) estão a tornar-se cada vez mais visíveis para a população, no âmbito também dos problemas gerados pela invasão da Ucrânia.

“Estas contendas faccionais têm efeitos notáveis, mas não dispositivos, no campo de batalha”, adiantam os especialistas do ISW.

Os analistas indicam que estas guerras internas “podem prejudicar a coesão entre as forças russas e desmoralizar os militares, mas é pouco provável que conduzam a conflito em massa dentro das fileiras russas ou na sociedade em geral”.

Exemplo destas tensões é o caso do Exército russo e mercenários sérvios, em que Dejan Beric, soldado que agora é conselheiro na equipa da campanha de Putin, afirmou que os seus compatriotas sérvios foram alvo de abusos por parte de comandantes da Força Aérea.

“Em vez de uma trégua pré-eleitoral, uma guerra de clãs instalou-se”, destaca o instituto, que cita uma “fonte política russa” próxima dos corredores do Kremlin, e que “rotineiramente discute aspetos específicos sobre mudanças política se de comando militar da Rússia”.

Os relatos surgem em vários canais de Telegram, como o Russian Visionary, que acrescenta que a reclamação pública de Beric fez parte de um ataque retaliatório executado em nome das fações internas do secretário do Conselho de Segurança de Moscovo, Nikolai Patrushev, e do ministro da Defesa Sergei Shoigu, e contra os que apoiam Igor Sechin, deputado próximo de Putin e CEO da petrolífera estatal Rosneft.

Em particular, são diretamente visados três responsáveis “que previamente já se envolveram em contendas com o Ministério da Defesa e que se aproximaram do Grupo Wagner em oposição a Shoigu”.

O plano de cada uma das fações será descredibilizar a outra, e garantir “que conseguem novos cargos e posições no Kremlin, na sequência das eleições presidenciais”.

“Putin não deverá mudar este sistema para eliminar estas verticais de poder, já que servem de fundação à sua forma de governar. A permanente fricção entre as diferentes fações que desempenham papeis na guerra de Putin na Ucrânia podem impedir a tomada de decisões na Rússia, e limitar a capacidade do Kremlin trazer coesão e eficácia ao Exército russo”, termina a análise do Instituto para o estudo da Guerra.

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