Grupo VITA apresenta 2º relatório de atividades: há 105 denúncias de violência sexual por parte da Igreja Católica

Vai decorrer esta tarde – a partir das 14h30 – a apresentação do segundo Relatório de Atividades e do Kit VITA – Sensibilização e Capacitação, o grupo de acompanhamento das situações de violência sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica em Portugal. O evento vai decorrer no Centro Pastoral Paulo VI, Sala João Paulo II, Fátima.

A coordenadora do Grupo VITA anunciou recentemente que o organismo recebeu 105 denúncias, nos primeiros 12 meses de funcionamento, com 39 pedidos de reparação financeira. “Neste primeiro ano de funcionamento, temos um conjunto de 105 pessoas, vítimas de violência sexual no contexto da Igreja Católica, que nos pediram ajuda e que nos reportaram a sua situação”, indica Rute Agulhas, em entrevista à ‘Agência ECCLESIA’.

A psicóloga indica que, “na grande maioria das situações”, as vítimas “falam na primeira pessoa” sobre os abusos que sofreram. “Há aqui uma mudança de paradigma que é importante, esta cultura de desocultar o tema, tirá-lo da gaveta dos tabus e passarmos a falar dele de uma forma clara.”

Desde o passado dia 1, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) deu início ao período de “apresentação formal” dos pedidos de compensação financeira às crianças e adultos vulneráveis que foram vítimas de abusos sexuais, no contexto da Igreja Católica, que devem ser apresentados formalmente por escrito, até 31 de dezembro de 2024, junto do Grupo VITA ou da Comissão Diocesana de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis onde terão ocorrido os factos.

“Já conhecemos a maior parte destas pessoas, são situações que já acompanhamos. Depois temos um número mais pequeno de pessoas, que nunca vimos e que nos contactaram apenas com esse objetivo”, indica a coordenadora do Grupo VITA, que assinala que a maior parte das pessoas que procuraram o organismo “terão sido abusadas sexualmente há algumas décadas”, nomeadamente a década de 60, 70, 80 do século XX, “muitas vezes em contexto seminário, especialmente as vítimas rapazes”.

Rute Agulhas assinala que o documento apresentado hoje detalha, de “forma muito clara e muito transparente”, a dimensão dos processos de sinalização. “Temos um número reduzido de sinalizações ao Ministério Público, porque em muitas destas situações o suspeito já faleceu e, portanto, naturalmente não irá nunca decorrer um processo de crime.”

Os pedidos de ajuda dirigidos ao Grupo VITA podem ser encaminhados para a linha de atendimento telefónico 915 090 000 ou através do formulário para sinalizações disponível no site http://www.grupovita.pt.

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