Gripe aviária é detetada em vacas leiteiras: vírus está mais perto de infetar humanos, alertam especialistas

A gripe aviária foi detetada em vacas leiteiras – assim como no seu leite – em quintas no Texas e no Kansas, assim como no Novo México, estados dos EUA, pela primeira vez: os testes revelaram-se positivos para ‘H5N1 tipo A’, a estirpe responsável pelo maior surto de sempre em animais e que matou dezenas de pessoas em todo o mundo desde 2022.

De acordo com o tabloide britânico ‘The Daily Mail’, os agricultores notaram que as vacas adoeceram há três semanas, com sintomas de letargia e perda de apetite, começando a produzir significativamente menos leite. “Não tínhamos visto nada parecido antes. Era como se estivessem constipadas”, salientou Sid Miller, comissário do Departamento de Agricultura do Texas. Há também um caso positivo numa cabra, no Minnesota, e a gripe aviária já foi encontrada em raposas, linces, gambás listrados, guaxinins e coiotes desde o surto de 2022.

Não há perigo de contaminação do abastecimento de leite e o risco para as pessoas é baixo, garantiu o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). “Não há ameaça para o público e não haverá escassez de oferta”, salientou Miller, em comunicado. O leite de animais doentes está a ser desviado ou destruído, sendo que a pasteurização também mata vírus e outras bactérias, um processo que é obrigatório para que o leite seja vendido através das fronteiras estaduais.

“Nesta fase, não há preocupação quanto à segurança do fornecimento comercial de leite ou que esta circunstância represente um risco para a saúde do consumidor”, afirmou a USDA.

De acordo com o Governo federal, os seus testes no gado não detetaram qualquer alteração no vírus que pudesse fazer com que ele se espalhasse mais facilmente para as pessoas. No entanto, embora desta vez não pareça haver qualquer mutação, os especialistas afirmaram que quanto mais tempo o vírus permanecer em mamíferos sem ser detetado, maiores serão as probabilidades de adquirir uma mutação que lhe permita infetar as pessoas com mais facilidade.

De acordo com Thomas Moore, médico de doenças infecciosas da Universidade do Kansas, a cabra infetada em Minnesota marcou um “desenvolvimento preocupante” porque mostrou que o vírus está cada vez mais perto de infetar outros mamíferos e até mesmo humanos.

Este é um momento diferente dos surtos de gripe aviária em aves, que exigiram a matança de bandos para se livrar do vírus. Desde 2022, os surtos levaram à perda de cerca de 80 milhões de aves nos EUA.

Até agora, o vírus parece estar a infetar cerca de 10% das vacas leiteiras em lactação nos rebanhos afetados, salientou Michael Payne, veterinário de animais para alimentação e especialista em biossegurança do Instituto Ocidental de Segurança e Proteção Alimentar da Universidade da Califórnia-Davis. “Não se parece em nada com a gripe de alta propagação em aves”, frisou.

A gripe aviária já havia sido relatada em 48 espécies diferentes de mamíferos, observou Payne, acrescentando: “Provavelmente era apenas uma questão de tempo até que a gripe aviária chegasse aos ruminantes”.

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