Greve Climática Estudantil considera que crise climática não se resolve por meios institucionais

O movimento ambientalista Greve Climática Estudantil considerou hoje que a crise ambiental não se resolve por meios institucionais e disse que nesta primavera estudantes em vários países vão confrontar as instituições que os “estão a condenar”.

Depois de o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) ter apreciado hoje três queixas relacionadas com o clima, dando razão parcialmente a uma e negando a protagonizada por seis jovens portugueses, o movimento estudantil disse que a lição a tirar é a de que não se pode “pedir por favor” e que é preciso confrontar as instituições não lhes dando paz.

“Hoje, a Europa aprendeu esta lição. Já não podemos pedir por favor a quem nos está a condenar há décadas e esperar que vão mudar”, disse o movimento em comunicado, acrescentando se as instituições não mudam e se estão confortáveis a “condenar o futuro” dos jovens, é preciso fazer com que isso não seja confortável.

“Não podemos deixar que quem nos está a condenar tenha um momento de paz. Vamos interromper as instituições que estão a planear o colapso total, até que se torne insustentável continuar a ignorar as nossas reivindicações”, alertaram.

No comunicado os jovens lembram a decisão do TEDH sobre o caso dos jovens portugueses que fizeram queixa de 32 países por não fazerem o suficiente contra o aquecimento global.

E comentaram: Os estudantes defendiam que a inação dos Estados estava a violar vários dos seus direitos previstos na Convenção Europeia dos Direitos Humanos, entre os quais o direito à vida. Depois de vários anos até terem uma decisão, estes jovens receberam-na hoje: o pedido deles foi rejeitado, por uma questão processual.

Os jovens estão a lutar para garantir o futuro de todos, porque todos sabem que o tempo é pouco para impedir um colapso irreversível, que Portugal é dos países mais vulneráveis à crise climática, afirma a Greve Climática no comunicado, considerando depois que os processos institucionais não vão acabar com os combustíveis fósseis, que são um dos pilares do sistema económico e social.

“O sistema foi construído para nos falhar e vai defender-se a si mesmo em todas as suas expressões institucionais. Se o tribunal mais eficaz no que toca a direitos humanos não consegue garantir o nosso direito à vida, nenhuma instituição o vai fazer livremente”, avisa o coletivo.

Para acabar com os combustíveis fósseis nos prazos ditados pela ciência é preciso enfrentar o poder, e esta primavera estudantes de vários países vão mobilizar-se em escolas para “interromper as instituições” de poder, diz.

O TEDH pronunciou-se hoje sobre três casos climáticos, o que aconteceu pela primeira vez, envolvendo mulheres suíças idosas, seis jovens portugueses e um antigo autarca francês. O Tribunal rejeitou o caso dos seis jovens portugueses e do homem francês mas admitiu parcialmente a queixa das mulheres suíças.

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